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Não é de hoje: Brasil faz 6 abortos por dia em meninas entre 10 e 14 anos estupradas

O caso da menina de 10 anos, abusada sexualmente desde os 06, resultando em uma gravidez que foi interrompida (abortada) estando ela com mais de 5 meses de gestação, segundo informações de bastidores da mídia, está longe de ser algo inédito, infelizmente.

No Brasil, cerca de 6 abortos são realizados por dia entre meninas de 10 e 14 anos, vítimas de estupro, segundo levantamento feito pela rede BBC. Por hora, quatro meninas de até 13 anos são estupradas no país, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019.

Os números chocantes revelam que toda a comoção gerada sobre o caso da menina de 10 anos levada para fazer aborto no Recife, na verdade, reflete muito mais a falta de conhecimento da população sobre a exploração sexual infantil no país, o que é profundamente lamentável.

“Há uma naturalização desta violência. O pessoal já nem presta mais atenção em menina de 13 ou 14 anos grávida. O pessoal tá começando a prestar atenção na gravidez de 10, 11 anos de idade”, diz a advogada Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta, que atua no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.

A declaração de Luciana é alarmante, pois revela que a sexualização precoce de crianças e adolescentes pode estar fazendo efeito no imaginário coletivo. Diante disso, podemos nos questionar: até que ponto os números atuais de violência sexual contra crianças e adolescentes são frutos da negligência dos adultos?

Até que ponto os números de abuso sexual, gravidez precoce e aborto – morte de vidas inocentes no ventre materno – refletem uma agenda de erotização infantil cada vez mais descarada, sem pudor e com o aval, muitas vezes, de personalidades públicas, autoridades e “artistas”?

Não podemos dissociar uma coisa da outra, pois o abuso sexual está, muitas vezes, atrelado a uma visão permissivista de adultos para com a sexualidade infantil, o que é absurdo e repulsivo.

Em outra matéria o Opinião Crítica abordou uma palestra que teve por objetivo tratar do “sofrimento psíquico do pedófilo“, por exemplo. Nela, a imagem do pedófilo foi relativizada, assim como a própria relação supostamente “amorosa” entre adultos e crianças.

Conteúdos dessa natureza não são novidades e eles pontam o quanto os casos de abuso infantil são, sim, reflexos da nossa própria cultura, cada vez mais permissiva para com a erotização de crianças, o que naturalmente às tornam mais vulneráveis aos predadores sexuais.

“É uma história tristíssima. E infelizmente é uma de muitas, o Brasil está lotado de casos como este”, conclui Luciana.

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