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Fizeram terrorismo psicológico com a pandemia e ignoraram a saúde mental das pessoas

Não é de agora que faço alertas sobre os efeitos colaterais da pandemia do novo coronavírus sobre a saúde mental da população. Disse isso em maio desse ano, quando praticamente nenhuma outra figura pública da área psicológica havia demonstrado essa preocupação.  Na época havia atendido oito pessoas que estavam sofrendo com ideação suicida, potencializada devido aos efeitos do isolamento.

Afirmei que corríamos o risco de ver no Brasil uma explosão de casos de depressão e ansiedade, podendo haver também um aumento considerável de suicídios. Quantos deram ouvidos? A grande mídia estava mais preocupada em especular números de mortos com manchetes sensacionalistas e fiscalizar a liberdade alheia do que investir no cuidado da saúde integral dos vivos.

Pouco tempo depois dos meus alertas, o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou segundo o jornal europeu DW, que “após décadas de negligência e subinvestimento em serviços de saúde mental, a pandemia de covid-19 agora está atingindo famílias e comunidades com estresse mental adicional”.

O site Psicologia Notícias repercutiu meus alertas e apresentou dados do exterior que fundamentaram minhas opiniões, como um estudo realizado pela Universidade de Sheffield em parceria com a Universidade de Ulster. Ele apontou um aumento significativo do número de pessoas que relataram sofrer de depressão e ansiedade durante a pandemia.

O portal UOL também publicou um estudo feito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com 1.460 pessoas em 23 estados do Brasil, revelando que os “casos de depressão aumentaram 90% no intervalo de pouco menos de um mês, em meio às medidas de isolamento social para combater o novo coronavírus.”

Suicídio aumentou 32%

Outra pesquisa, dessa vez realizada pelo Pine Rest Christian Mental Health Services, nos Estados Unidos, apontou que os casos de suicídio aumentaram absurdos 32%. Para não acharem que a minha preocupação sobre esse aspecto é isolada, cito a fala de outra psicóloga que comentou o estudo para a Exitoína, do UOL:

“Insegurança e o sentimento de vulnerabilidade vividos por conta da pandemia somados à instabilidade econômica aumentou o número de casos de depressão no mundo. Em alguns países, que já retomaram suas atividades econômicas, é possível encontrar milhares de pequenos empresários que faliram. Isso acaba afetando drasticamente a saúde mental das pessoas”, disse Ana Gabriela Andriani.

Agora pergunto: foi realmente necessário o fechamento radical dos comércios? De quem realmente é a culpa pela falência de centenas de pequenos, médios e até grandes comércios dentro e fora do Brasil, da pandemia ou das medidas extremas tomadas pelos aspirantes a ditadores?

Como governante, jamais tomaria decisões precipitadas para colocar em risco o esforço de milhares de pessoas que lutam para conseguir sustentar suas famílias, a maioria através de atividades independentes, desde ambulantes a pequenos e médios comerciantes.

Em vez disso, o certo teria sido investir massivamente na conscientização social quanto aos cuidados de prevenção. Preparar os hospitais, fortalecer as equipes de saúde, garantir o suprimento de equipamentos, mas dando condições de, ao mesmo tempo, a economia continuar girando. Estas seriam medidas mais equilibradas, sem pânico ou sacrifícios econômicos maiores, os quais também resultam em destruição de vidas.

Além do problema econômico, temos o próprio fator isolamento. Quantos idosos que já não recebem com frequência a visita de seus parentes, precisaram ficar meses sem ter qualquer contato com os próprios filhos? Quantas pessoas que na luta contra a depressão e encontram apoio na fé em Deus, foram impedidas de fazer uma simples oração dentro de um templo?

Com isso, os efeitos colaterais são vários e muitos poderiam ter sido evitados se a politização não tivesse tomado conta do combate ao coronavírus. Se a grande imprensa em vez de agir como um partido de oposição ao governo, tivesse tido o interesse de colaborar para salvar vidas, mostrando alternativas e não apenas relatórios fúnebres.

Triste para todos nós, especialmente para os que perderam parentes. Triste para os que ainda enfrentam esses efeitos. Que Deus nos ajude!

Marisa Lobo
Marisa Lobo é psicóloga clínica, autora de vários livros, especialista em saúde mental e conferencista. Há anos realiza palestras dentro e fora do Brasil sobre prevenção e o enfrentamento das drogas, depressão e suicídio, sendo conhecida também pela luta contra o ativismo ideológico de gênero, aborto e desconstrução familiar.
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