Assim como a direita não é um bloco político-ideológico único, a esquerda também não é. Entre moderados e extremistas, sensatos e desequilibrados (risos) transita algo que pode ser considerado um ponto comum entre as duas visões de mundo. É nesse contexto que se destaca o Partido da Causa Operária, o PCO.
Já faz algum tempo que o PCO vem criticando o que eles chamam de “esquerda pequeno-burguesa”. A crítica do partido à censura contra o presidente Donald Trump, promovida pelas gigantes das redes sociais, foi o que mais chamou atenção no começo desse ano.
Agora foi a vez da sigla sair em defesa da revista conservadora e de direita Terça Live, que teve dois dos seus canais no YouTube excluídos da plataforma. “O banimento constitui um grave ato de censura, um atentado de grandes proporções à liberdade de expressão, não apenas da extrema-direita, mas do conjunto da população”, diz uma matéria publicada no Diário PCO.
Eles também disseram que “tal fato é a expressão do autoritarismo crescente dos monopólios de comunicação que controlam as redes sociais”, apontando as grandes mídias como uma ferramenta do novo imperialismo, movidas pelo capital dominante.
Em comum, o que há de se destacar é a defesa pela liberdade de expressão, quer da direita ou da esquerda – ao estilo PCO. No mais, a diferença da visão de mundo é gritante. O fato, porém, é que não existe diferenças quando há um monopólio nos meios de comunicação.
Em outras palavras, como é possível fazer oposição se não há liberdade para críticas? Assim como a esquerda depende de uma democracia para se apresentar, a direita também. Neste sentido, quem sempre vence é o povo, o qual tem a liberdade de escolher entre às duas visões de mundo o que julga ser melhor para si. Este é o ponto comum.
Em sua análise, o PCO diz que a exclusão do Terça Livre “não se trata de mero descumprimento de diretrizes [do YouTube], mas de uma perseguição política de setores da burguesia imperialista com a intenção de controlar toda a informação veiculada na internet, essa medida ditatorial voltar-se-á em seguida contra a esquerda”
Nesse ponto, discordamos sobre a atribuição da censura à “burguesia imperialista”. Entendemos que se trata, sim, de uma causa ideológica, promovida por uma agenda que é compartilhada não apenas pela “burguesia”, mas por todos que são adeptos dessa agenda, onde tudo se resume a uma luta pela imposição do pensamento progressista.
Mas, discordâncias à parte, o fato é que a demonstração de equilíbrio e sensatez do PCO soa como uma sinfonia no meio de uma esquerda imbecilizada, cega pelo ódio ao contraditório e motivada pelo autoritarismo. A prova disso é que estão conseguindo chamar atenção da própria direita, uma indicação clara de que é possível conviver com divergentes, desde que pontos comuns inegociáveis, como a liberdade de expressão, sejam mantidos.