O Clube Militar, organização com 133 anos de idade presente em todo o território nacional, emitiu uma nota polêmica em tom de ameaça ao Supremo Tribunal Federal, após a decisão do ministro Edson Fachin em anular todas as condenações do ex-presidente Lula no âmbito da operação Lava Jato.
“O STF feriu de morte o equilíbrio dos Poderes, um dos pilares do regime democrático e da paz política e social. A continuar esse rumo, chegaremos ao ponto de ruptura institucional e, nessa hora, as Forças Armadas (FA) serão chamadas pelos próprios Poderes da União, como reza a Constituição”, diz trecho da nota.
Para se ter uma noção, o atual vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, era o presidente do Clube Militar antes de entrar para o governo. Atualmente quem preside a organização é o general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, que também é membro do Conselho da Comissão de Anistia, do ministério de Damares Alves, portanto, parte do governo.
O general Paiva também é ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), sendo uma das figuras mais respeitadas no meio militar. Na nota assinada pelo Clube, o general afirma que “a nefasta decisão do Ministro Fachin, livrando Lula de suas condenações foi uma bofetada na cara (desculpem a expressão) da Nação Brasileira”.
Ao citar às Forças Armadas, o Clube Militar claramente sobe o tom contra os ministros do STF, sinalizando que já existe no país um clima de desconfiança e instabilidade institucional que não está passando despercebido aos olhos dos militares.
“Em um conflito entre Poderes, a qual deles as FA se submeterão? Com certeza, ficarão unidas e ao lado da Nação, única detentora de sua lealdade. Que a liderança nacional tenha isso em mente”, afirma o documento, segundo informações do Estadão.
Apoio a Bolsonaro
Não é a primeira vez que o Clube Militar se manifesta em apoio ao governo Bolsonaro. Em março do ano passado (2020), a organização fez uma convocação aos seus associados para atos de apoio ao presidente da República, segundo informações do Exame.
A sinalização de apoio reiterado ao presidente vindo de uma organização de prestígio no meio militar acirra ainda mais o clima de tensão entre os poderes, especialmente quando notas dessa natureza são publicadas em tom alarmante, podendo servir como um sinal de alerta, também, para os próprios ministros do STF.