Ciro Gomes, uma das velhas raposas da política brasileira, parece estar colocando em prática tudo o que aprendeu ao longo dos anos. Isso porque, após o anúncio de que parte dos parlamentares do PDT votaram a favor da PEC dos Precatórios na madrugada de hoje, ele afirmou que a sua pré-candidatura à presidência da República está ‘suspensa’. Ora, será mesmo?
“Há momentos em que a vida nos traz surpresas fortemente negativas e nos coloca graves desafios. É o que sinto, neste momento, ao deparar-me com a decisão de parte substantiva da bancada do PDT de apoiar a famigerada PEC dos Precatórios”, escreveu o “Coroné”, como é apelidado por alguns críticos.
Ciro, então, completou: “A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo”.
Golpe de marketing de Ciro?
Bastou Ciro anunciar a suspensão da sua pré-candidatura, para a imprensa em peso passar a divulgar o seu comunicado, incluindo mídias ligadas à própria direita. Com isso, o pedetista viu o seu nome ser elevado aos holofotes do debate político de forma instantânea já no começo dessa manhã, o que significa visibilidade.
Essa pode ter sido a real intenção de Ciro Gomes: aproveitar o momento polêmico sobre a votação da PEC dos Precatórios para projetar o seu nome, anunciando a suspensão da sua pré-candidatura que, na realidade, não estaria suspensa, mas sim em pleno vapor, tendo em vista o efeito reverso do anúncio.
Em outras palavras, o efeito reverso aqui está em conquistar popularidade e apoio entre os partidos de esquerda e da oposição em geral, anunciando algo que, na prática, seria pura encenação. Se essa foi a sua intenção, Ciro Gomes obteve êxito, confirmando assim uma matéria já publicada no Opinião Crítica sobre a sua habilidade política de persuasão. Não leu? Veja:
A farsa Ciro Gomes: como ele planeja conquistar a simpatia de todos visando 2022