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Com um Brasil sob ‘assalto’, comemorar qualquer Copa é absurdamente imoral

Se você pudesse perguntar, nesse momento, a um jogador da Seleção Venezuelana de Futebol, ou, na melhor das hipóteses, da Seleção Argentina, se ele pudesse trocar a taça da Copa do Mundo por um governo que trouxesse prosperidade, justiça e liberdade aos milhões de cidadãos do seu país, qual seria a resposta?

Para quem ganha milhões correndo atrás de uma bola, talvez a resposta não fosse das melhores, nem a mais inteligente, mas sem dúvida seria intrigante o bastante para lhe fazer ponderar sobre prioridades.

Neste exato momento, milhares de brasileiros estão nas ruas protestando contra o que acreditam ser um verdadeiro assalto ao Brasil. São cidadãos que, assim como eu e você, têm as suas famílias, empregos e dificuldades, mas estão doando tempo, suor e lágrimas por algo que consideram mais importante do que uma bola rolando sobre um gramado.

Você não precisa concordar com tudo o que essas pessoas defendem para entender que o Brasil passa por um momento caótico do ponto de vista institucional e moral que poderá se tornar, também, econômico: basta ver os números!

Se este último virar realidade, o problema econômico, talvez 80% dos que agora fazem churrasco e tomam uma “cervejinha” na frente da TV, não terão condições de fazer isso na próxima Copa.

Quando a competição do Catar terminar, cada jogador da Seleção, ricos, poderão escolher se continuarão vivendo no Brasil, ou não. Você, onde estará? Na mesma casa, bairro e país? No mesmo emprego, lutando diariamente para conseguir tirar o sustento da sua família? Mas, e se não houver emprego?

Ou, se houver emprego, mas o seu salário não valer o suficiente para adquirir a feira do mês, porque a inflação chegou a níveis tão absurdos que pilhas e mais pilhas de cédulas não são suficientes para comprar a tão propagandeada “picanha”?

A Copa do Mundo passará, e com ela a breve distração, mas a nossa necessidade de ter emprego, salário, segurança, educação e direitos básicos garantidos, como o da liberdade, não! Estas são necessidades vitalícias, se não suas, dos seus filhos e netos. O que viveremos amanhã, portanto, é o fruto do que decidimos priorizar hoje.

Se o Brasil está sob assalto, como acreditamos, não temos motivo algum para comemorações triviais. O momento é de luto, mas também de luta; de lutar pelo que acreditamos ser o melhor e mais importante agora, antes que o amanhã se torne tão sombrio que já não possamos acreditar em mais nada.

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