InícioComportamentoA tragédia das crianças de Blumenau e as armas de fogo
- Advertisment -

A tragédia das crianças de Blumenau e as armas de fogo

A tragédia das crianças de Blumenau reascende uma velha questão. Pode os cristão usar armas de fogo para a proteção da sua família?

Estamos vendo a civilização Ocidental desabar diante dos nosso olhos. A depravação e o caos  trincaram nossas estruturas milenares construídas com muito sangue derramado. Cidades e até Estados inteiros ficam à mercê dos bandidos e psicopatas que acham que matar é uma diversão, um jogo de tabuleiro. Devemos ter coragem e fazer uma pergunta honesta: Pode um cristão, um pai de família portar armas de fogo?

O porte de armas de fogo é um assunto polêmico e divisor na sociedade, e não pretendemos escrever um texto sobre direito. Pois no Brasil o direito só assiste quem se encontra no poder e os amigos do judiciário . O que vamos elucidar neste texto são alguns fundamentos bíblicos e algumas ideias que ajudam a responder à pergunta: Os pais cristãos podem possuir armas de fogo para proteger sua família?

Em primeiro lugar, precisamos entender passagens bíblicas que abordam diretamente sobre o assunto. Passagens que deixam elucidadas a ideia de que um filho de Deus tem direito de proteger sua vida e a sua família; Em segundo lugar, a arma de fogo é um instrumento que dever ser usado como última linha de defesa. Se um ladrão invadir sua casa a Bíblia nos ensina que proteger sua família e a si mesmo é uma defesa, e, portanto, o uso de arma para ferir o invasor e este morrer, você não será culpado pelo sangue. Pessoas matam pessoas, armas são ferramentas, assim como facas e todos os objetos que perfuram.

Mas existe um argumento “bíblico” que sempre é usado para negar a defesa da vida. Mateus 5.39, Jesus disse que não devemos resistir aos perversos e se este bater (Rhapizo = insulto) na sua face direita ofereça a outra face. Mas isso pode realmente ser interpretado para negar a defesa da vida? Não creio! Neste texto está claro que Jesus não usa esse argumento como critério absoluto em todos os casos, e, bater na face significa tapa no rosto com o dorso da mão. Tapa no rosto não vai ferir de morte alguém, mas vai insultar. Matar por causa de um insulto é força excessiva e também um ato banal e por consequência a quebra do sexto mandamento.

Segundo o Dr. Wayne Grudem, este argumento não pode ser válido nem para governos e nem para defesa da vida, caso contrário teríamos que validar como critério absoluto Mateus 5.42 que diz: “Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pedir emprestado”. Grudem continua: “Se este verso fosse um requisito absoluto, qualquer mendigo seria capaz de levar um cristão à falência ao que lhe pedir mais”.

Autodefesa implica defender sua vida, sua família, sua propriedade e sua nação. Isso significa que no âmbito civil você tem o direito de possuir armas como instrumentos de defesa e não para conclusão de vingança. Ter arma é um direito que preserva a liberdade. Concordo com o Dr. Wayne Grudem quando ele afirma: “Uma perda gradativa da liberdade humana é uma perda gradativa de nossa vida”.

Mas o cristão não é um pacificador? Sim, o cristão é! Porém não é ser pacifista, pois este acredita que se defender com uma arma é errado. Um servo de Cristo deve fazer tudo para promover a paz e evitar os caminhos da utilização das armas e das guerras. Mas sua última linha de defesa para preservar  a família,  sua propriedade e manutenção desta paz para nação (ou até mesmo da própria nação que pode se tornar tirânica), são as armas e as guerras.

Não podemos ser ingênuos a ponto de crer que no mundo só existem pessoas boas, bem intencionadas e que vivemos (era de aquários) no ‘love and peace’  e flores ao som do “Imagine” de John Lennon. Não é esta a nossa realidade, principalmente com a crescente violência nas ruas e com a ascensão do terrorismo, do narcotráfico, dos psicopatas e das ideologias socialistas mundo a fora.

Se a Bíblia diz no sexto mandamento que não podemos matar, então o cristão não pode possuir armas de fogo? Não tem nada a ver uma coisa com outra. O Sexto Mandamento diz respeito a crime premeditado, com a intenção de matar.

A quebra do sexto mandamento também se aplica em caso de morte por banalidade, vingança, insulto, roubo, disputas por traficantes, por paixão, por loucura ou psicopatia. Vamos deixar claro isto! Moisés que recebeu os Dez Mandamentos no Sinai teria depois entrado em contradição? Não! Moisés deixou claro que a legítima defesa é Bíblica e necessária, veja: “Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue”; Êxodo 22,2.

É a premeditação, a intenção do coração que será aplicada a quebra do sexto mandamento, como bem disse Jesus: “Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘’Não matarás, e quem matar estará sujeito a julgamento. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento” (Mateus 5: 22).

Concordo com o Pr. Philip Graham Ryken quando diz: “O sexto mandamento proíbe é tirar a vida de forma injusta e banal”. Sim, aplica-se ao assassino a sangue frio, homicídio com raiva passional e homicídio culposo resultante da imprudência ou negligência. Por isso o mandamento teria uma melhor tradução se fosse: ‘Não matarás ilegalmente’. Claro que a versão tradutória de Êxodo 20.13 é ‘Loratzach’ que é ‘Não mate’, o mais próximo da tradução que elucidaria com clareza, seria: Não assassinarás. Tirada premeditada da vida imaculada – ou de um inimigo pessoal.

A legítima defesa tem um objetivo, a preservação da vida humana. Na última linha da defesa às vezes será necessário tirar a vida para salvar outra. Por isso, muitas vezes Deus ordenou que homens lutassem para proteger o povo ou livrar os seus inocentes dos inimigos. Dr. Norman Geisler no seu maravilhoso livro sobre Ética Cristã, esclarece bem este ponto. Ele escreve:

“A espada que foi dada a Noé foi usada por Abraão, quando ele engajou em uma guerra contra os reis que haviam cometido uma agressão contra seu sobrinho Ló’ (GN 14). Essa passagem indica a aprovação de Deus para realização de guerras, cuja finalidade era proteger o inocente de seus agressores’’.

Não existem muitas informações do mestre Jesus, mas há boas pistas! Vamos analisar alguns textos. Nosso primeiro texto no Novo Testamento é João 18.
“Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco.
Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (João 18: 10,11). Há algumas questões nestes versos que precisamos esclarecer.

Em primeiro lugar, Pedro andava armado, e sinceramente, não acho que Cristo não tenha percebido, já que a bainha ficava praticamente entre a cintura e o peitoral. Em segundo lugar, Pedro feriu de forma banal o servo do Sumo Sacerdote, já que Cristo estava sendo preso e não atacado. Em terceiro lugar, o Apóstolo Pedro andava armado, e o Senhor Jesus nunca pediu que ele jogasse a espada fora, quando Pedro atacou Malco, Jesus pediu que Pedro guardasse a espada. Em quarto lugar, Pedro cometeu um pecado tentando impedir o que Deus planejou para seu filho, a morte do cordeiro que aplacaria a ira divina contra os salvos em Cristo.

Portanto, se Jesus fosse um pacifista (diferente de ser pacificador) ele teria proibido o uso de armas desde o início da caminhada com os discípulos. Mas, mesmo Pedro ferindo um oponente, Jesus não pediu que ele jogasse fora a espada. É uma pista clara que o uso de espadas era comum entre os discípulos. E o que dizer do texto de Lucas 22?

“Disse-lhes pois: Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o que não tem espada, venda a sua capa e compre-a” (Lucas 22:36-38).

Este texto de Lucas tem duas interpretações:

Interpretação número 1: O texto pode ser uma analogia feita por Jesus para ensinar que os discípulos não teriam vida fácil depois de sua morte. O termo espada não é literal. E por isso no verso 38, Jesus ficou irritado por suas palavras não compreendidas e disse: Basta!

Interpretação número 2: O texto de Lucas 22.36-38 revela os instantes finais da jornada do Cristo com seus discípulos, nestes instantes finais Jesus está prestes a ser preso e por isso ele está preocupado não com ele, mas com os discípulos que não teriam vida fácil, seriam perseguidos de morte e, portanto, ele recomenda que compre espadas. Quando os discípulos mostraram as espadas, Jesus disse: Basta, no sentido de suficiência!

Eu creio que a interpretação de número 1 não se sustenta. É pouco provável! Em primeiro lugar, é fato que alguns dos discípulos andavam armados (Pedro sustenta essa tese), a evidência fortalece a ideia do texto de que Jesus estava realmente recomendando a compra de espadas para os outros que não usavam.

Em segundo Lugar, Jesus não recomendaria a venda da capa para compra de duas espadas se não fosse literalmente. O substantivo espada não é regido pelo verbo ter. Ele fica isolado na frase, O significado é: Aquele que não tem uma bolsa ou documento (e se encontra, portanto, sem dinheiro) que venda a sua veste e compre uma espada.

Em terceiro lugar, a tensão do texto revela os instantes finais e os perigos que cercaram os discípulos. A tensão exige autodefesa para os discípulos. A ideia de que Jesus recomenda a proteção aos seus, é gritante neste texto.

Em quarto lugar, O termo “basta” no verso 38 tem algumas interpretações forçadas sobre este termo para sustentar a ideia de que Jesus disse aos discípulos, alguma coisa como: “Vocês não me entenderam, não são espadas de verdade, basta!” Este argumento não se sustenta, pois a palavra grega para basta é “ikanón”, que significa literalmente “é o bastante”, e se refere à quantia de dinheiro que tinha que ser paga para alguém que fosse solto da prisão – ou pagar uma quantidade de dinheiro exigida.

Está claro que Jesus está afirmando que duas espadas eram suficientes: Não precisava gastar mais dinheiro.

O Cristão pode possuir e portar armas de fogo? Antes de responder esta pergunta é necessário esclarecer que minha posição defende a ideia de que a arma seja obtida pelo rigor da lei. Mas neste país o governo não respeita a lei e muito menos a vontade do povo. Em 2005 foi realizado um referendo que pedia a posição do povo brasileiro sobre o tema comércio de armas. A pergunta era muito simples: “O comércio das armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?” Os eleitores puderam optar pela resposta “sim” ou “não”, pelo voto em branco ou pelo voto nulo. O resultado final foi de 59.109.265 votos rejeitando  a proposta  do sim (63,94%); enquanto 33.333.045 votaram pelo “sim” (36,06%). Foi uma vitória esmagadora do povo, que por sinal desejou seu direito de portar e possuir armas.

A resposta da pergunta inicial é simples: Com ficha limpa e seguindo todos os critérios estabelecidos por nossa Constituição Federal, sim, o cristão pode e tem todo o direito de promover sua segurança pessoal, da sua família e da sua propriedade usando como última linha de defesa arma de fogo. O Estado não tem competência para garantir segurança de cada cidadão neste país, o Estado não é onipresente, não consegue lidar com a escalada da violência. Portanto, sou a favor das armas para as famílias e para segurança nas Escolas deste país que se tornou insano quando o assunto é segurança dos cidadãos.

Heuring Motta
Análises sobre o cenário da política e assuntos de interesse público. Por: Heuring Motta - Teólogo e professor, especializado em Hermenêutica, Ciências Políticas e Logoterapia pela Universidade Católica de Salvador. É também colunista do Instituto John Owen. Casado e pai de uma filha.
RELATED ARTICLES
- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments

close
>