Todos os dias milhares de pessoas morrem no Brasil vítimas da violência urbana, da precariedade no sistema público de saúde e até da pobreza. Denúncias de corrupção se amontoam nos infindáveis processos arrolados nas diferentes instâncias judicias, e enquanto tudo isso acontece, qual é o foco da nossa política? Fake news e “gabinete do ódio”!
Recursos públicos que saem do suor do trabalhador estão sendo empregados, por exemplo, para alimentar uma CPI bizarra na Câmara dos Deputados que visa investigar, supostamente, fofocas e birras entre adversários na internet, o que chamam de “fake news”, um dispositivo linguístico estrangeiro que não tem outra função, senão mascarar a inutilidade que é, na prática, o disse-me-disse nosso de cada dia, existente desde que o mundo é mundo.
No Supremo Tribunal Federal (STF), a maior instância judicial do país, a celebridade da vez não é tão diferente: um inquérito sobre fake news! Foi graças a esse estranho inquérito, acusado de vícios e ilegalidades, que a Polícia Federal precisou, também, investir recursos públicos para fazer buscas e apreensões em 29 endereços de pessoas que não possuem nem mesmo um histórico criminal por roubo de galinha.
Na quinta-feira (04), uma lista produzida pela tal “CPI das Fake News” expôs nomes, dados de pessoas e empresas acusadas de serem produtoras de “notícias falsas” ou conteúdo “inadequado”, tudo isso sem critérios plausíveis de modo que até um jornal centenário, como a Gazeta do Povo, entrou na lista.
Nesta sexta-feira (05), descobre-se que uma deputada teria utilizado, também, recursos públicos para articular um esquema de fake news, alimentado por um gabinete do ódio próprio, a fim de atacar adversários políticos. Vários assessores, um só objetivo: atacar, atacar e atacar.
O Brasil é uma vergonha! Qual é o cidadão, pagador de impostos que diariamente luta para conseguir sustentar a sua família, que diante de tais acontecimentos inúteis em um contexto de nação, pode olhar para seu Congresso Nacional e sentir algum sentimento de respeito ou, pior ainda, orgulho?
Um país onde na política poucos, muito poucos, tentam fazer a diferença, focando no que realmente interessa, no que realmente importa para um povo sofrido que deseja prosperar, mas que diariamente é sabotado por quem tem interesse de manter os velhos esquemas de corrupção e alienação social.
Nesse país onde “fake news” e “gabinetes de ódio” se tornam pautas investigativas no STF e no Congresso Nacional, viram manchetes de escândalo na TV e entram no debate público quase diariamente, enquanto verdadeiras mazelas assolam os milhões que vivem esquecidos em guetos e vielas, definitivamente a esperança de dias melhores escorre pelo sentimento de angústia e revolta.
O Brasil é uma piada, a política uma zorra!