Entre as várias mensagens trocadas com a deputada federal Carla Zambelli, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, deixou passar uma no mínimo estranha para os que analisam o seu caso do ponto de vista criminal, mas principalmente moral.
Zambelli pediu a Moro para permanecer no cargo diversas vezes. Em uma delas, apenas 20 minutos antes de iniciar a coletiva onde renunciaria ao cargo de ministro, Moro respondeu: “Se o presidente anular o decreto de exoneração, ok”
Moro se referiu à demissão do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, demitido no mesmo dia, conforme anúncio do Diário Oficial da União. No print da mensagem é possível observar o horário em que o ex-ministro fez essa declaração: 10:40.
A questão é: foi ou não uma chantagem?
Aparentemente, sim, Moro tentou chantagear o presidente Jair Bolsonaro, condicionando a sua permanência no cargo de ministro da Justiça à permanência do ex-diretor da PF, Maurício Valeixo.
O apoiador do ex-ministro pode imaginar que não há nada de ilegal querer ficar em um cargo apenas na condição de um colega de trabalho também permanecer, talvez por afinidade, certo?
O problema é que ao justificar a sua renúncia, Sérgio Moro afirmou que Bolsonaro já vinha (não meramente “estava”, mas já vinha..) tentando interferir na Polícia Federal, deixando claro que às suas acusações não se referiram apenas à demissão de Valeixo, mas a outras decisões e/ou atitudes tomadas pelo presidente.
Assim sendo, se Moro aceitasse permanecer no cargo, caso a demissão de Valeixo fosse anulada como propôs, significa que ele ficaria em silêncio, cometendo o crime de prevaricação, certo?
Ora, como garantir que o ex-ministro faria às mesmas denúncias, se a proposta de condição para ficar no cargo partiu dele mesmo? Supõe-se, obviamente, duas questões possíveis para o caso:
01 – Moro ficaria em silêncio, mesmo sabendo dos supostos crimes de responsabilidade do presidente;
02 – Moro ficaria em silêncio, simplesmente porque não houve crime algum do presidente!
Conclusão
Nossa análise do fato indica que Moro aparentemente tentou chantagear o presidente Jair Bolsonaro por interesses pessoais diversos, possivelmente ainda desconhecidos em sua plenitude.
Caso contrário, se o real motivo da renúncia de Moro fossem os supostos crimes de responsabilidade do presidente, jamais o ex-ministro teria imposto a permanência de Valeixo como uma condição para a sua própria permanência. Em outras palavras: ele sairia de todo jeito!
O fato de Moro divergir de Bolsonaro e colocar tal condição, ao ponto de ela resultar na sua renúncia, pode ter sido apenas um estopim na queda de braços que já vinha sendo travada entre o ex-ministro e o presidente.
Moro perdeu e não suportou a derrota. Decidiu sair pelo ego ferido e agora procura justificar a sua decisão de forma vingativa. É a nossa tese.