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Na época da Dilma, panelaço não era coisa da “elite burguesa branca de olhos azuis”?

Quem diria! Nada melhor que o tempo para constatar a contradição cometida por algumas pessoas que, em nome de uma paixão ideológica, resolveram adotar comportamentos que no passado foram duramente criticados. É assim que podemos classificar o “panelaço” desta terça-feira contra o presidente da República, Jair Bolsonaro.

Opositores do atual presidente se organizaram em facções virtuais, o “ódio do bem”, para promover o que eles na época da ex-presidente Dilma Rousseff, do PT, chamaram de reação da “elite burguesa branca de olhos azuis”. Duvida? Vejamos algumas pérolas:

O jornalista Juca Kfouri escreveu o título dramático em uma matéria para o UOL, em 2015: “O panelaço da barriga cheia e do ódio”. No texto – que o leitor deverá se esforçar para não rir – ele comenta sobre os que bateram panela contra Dilma:

“O panelaço nas varandas gourmet de ontem não foi contra a corrupção. Foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade. Elite branca que não se assume como tal, embora seja elite e branca.”

A cientista social Esther Solano Gallego também escreveu para a lacradora Huffpost Brasil, citando o panelaço contra Dilma em 2015 como uma reação da “elite-burguesa branca”, mas também criando o termo “panelaço-gourmet” (risos) como “a última modalidade de protesto, vanguardista, arrojado, inaugurada pelos furiosos cidadãos de bem que tomaram suas varandas em rebeldia ao mais puro estilo Bastilha”.

A narrativa do “panelaço-gourmet” foi rapidamente adotada pelos tabloides esquerdistas como uma verdade indissolúvel, reflexo direto de uma classe social supostamente incomodada com a ascensão dos pobres na era PT. Tudo balela! Com um país beirando ao colapso econômico e ditatorial, a exemplo da Venezuela, panelas soaram como um sino de alerta contra o câncer da corrupção que tomava conta do Brasil.

Ainda é cedo para saber a proporção do panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro. Se não passa de algo pontual articulado exclusivamente pela minoria dos seus opositores, ou se tem, de fato, adesão dos já decepcionados – e precipitados – desafetos. O tempo vai dizer. Mas até lá, podemos nos divertir com a hipocrisia estampada nas varandas-gourmets da esquerda caviar, certo?

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