Quatro dias após a morte da menina Ágatha Félix, de 8 anos, na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, mais uma criança é vítima de bala perdida no Rio de Janeiro.
Desta vez, a vítima é a estudante Vitória Ferreira da Costa, 11 anos, atingida por um tiro hoje (24) à tarde no morro da Mineira, no Catumbi, região central da cidade, quando retornava da escola.
Uma mulher, ainda não identificada, também ficou ferida na mesma ação. Vitória da Costa foi baleada em uma das pernas. As duas foram vítimas de balas perdidas.
Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que, na tarde desta terça-feira, policiais do 5º batalhão da Polícia Militar (Praça da Harmonia) foram informados sobre a entrada no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, de uma criança e uma mulher feridas por disparos de arma de fogo. As vítimas seriam moradoras da comunidade da Mineira, no Catumbi.
A nota da PM informa ainda que “não há operação envolvendo equipes da corporação na comunidade da Mineira na tarde desta terça-feira”. A Secretaria Municipal de Saúde informou, por meio de nota, que o estado de saúde das pacientes é estável.
Comentário:
Não por acaso, na segunda-feira (23) foi publicado aqui no Opinião Crítica o texto: “A indignação seletiva de quem usa a tragédia como instrumento contra o Estado“, abordando exatamente a forma como a morte da menina Ágatha Félix tem sido tratada, onde a Polícia Militar é posta como agressora, e não os criminosos.
Infelizmente, o caso de Vitória Ferreira da Costa ilustra com perfeição a tese exposta no texto, de que tais casos de morte por bala perdida é resultado da criminalidade, e não da Polícia Militar. A confirmação de que não havia operação policial no local do incidente comprova isso.
É lógico que isso não exclui situações onde a Polícia possui responsabilidade, por exemplo, devido a erros de abordagem, mas isso não reflete a realidade da imensa maioria dos policiais militares que todos os dias arriscam suas vidas em prol da população.
Mortes como a de Ágatha e Vitória são frutos da criminalidade e das sequelas do combate à ela, que infelizmente possui proporções de guerrilha urbana, onde pessoas inocentes, infelizmente, podem se tornar vítimas desse confronto.
O que não podemos admitir é que a população se volte contra os agentes do Estado que lutam contra o crime, como se eles fossem os inimigos, quando na verdade o inimigo é o tráfico, a exploração sexual, a corrupção, o abuso de drogas e tantos outros que fazem com que o poder público precise entrar em confronto armado para combatê-los.