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A realidade das comunidades na pandemia: “Aqui o sabonete era um só para todos”

Cintia Ramos é trabalhadora autônoma e costumava montar sua barraca de venda de mercadorias na comunidade Vila Kennedy, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, todos os dias. Nas últimas semanas, por conta da quarentena, está parada, e faltou gás em casa. Com isso, a alimentação da família também ficou prejudicada. Às dificuldades financeiras, soma-se uma preocupação que tira o sono de Cintia: como proteger a família do novo coronavírus?

Mãe de quatro filhos, ela vive com sua mãe, irmãs e sobrinhos. No total, são 11 moradores na mesma casa. Com a grande quantidade de pessoas e a falta de recursos de higiene, as dificuldades têm se agravado. “Aqui tem muitas crianças. E geralmente é um sabonete pra todos. Um sabonete pra lavar a mão, pra todo mundo tomar banho. E o sabonete acaba. Às vezes não temos dinheiro para comprar e temos que lavar a mão só com água”, conta.

Na última semana, a ajuda bateu à porta de Cintia. A família recebeu uma doação de sabonete líquido da Granado, em parceria com o UNICEF. A empresa doou 1.470 litros de sabonete líquido a cinco projetos ligados a iniciativas do UNICEF em prol das crianças e dos adolescentes mais vulneráveis do Rio de Janeiro. Cinco ONGs locais receberam as doações e foram de casa em casa, entregando-as às famílias.

No caso da Vila Kennedy, a distribuição foi feita pelo projeto SAAF/Agência Redes para Juventude a 50 famílias, dando prioridade àquelas com maior número de integrantes ou com pessoas em grupo de risco, e de trabalhadores informais. 

As doações chegaram em meio às preocupações sobre como cuidar da saúde e manter o isolamento social dentro das comunidades. Em muitos casos, a lotação e a pouca distância entre as casas não permite que o isolamento aconteça de forma eficiente, e o contato entre as pessoas continua próximo, gerando grandes riscos de disseminação de doenças.

Na casa de Josete Silva, mãe de quatro filhos, todos moram em um espaço de um quarto. A família foi contemplada pela doação de sabonetes, e contou os desafios que vêm enfrentando. Com o pouco espaço e o calor dentro da casa, e os filhos adolescentes sem aulas neste período. Ela também não consegue mais trabalhar. Dependente de recursos provenientes das faxinas que realiza, não consegue mais serviços no período de quarentena. “Eu tenho muito medo. Eu sou pai e mãe dos meus filhos. Se eu for contaminada, como eles ficam?”, emociona-se.

Para Carol Du Pre, membro do SAAF na Vila Kennedy, além da assistência de higiene, o momento de distribuição dos sabonetes nas casas foi importante para – mantendo a distância segura – informar as famílias sobre o que está acontecendo. “Informamos que o vírus é um perigo real, que muitas pessoas estão morrendo. Conversamos com cada família sobre por que a prevenção é tão importante, as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

Segundo Carol, a circulação de informações falsas e mal intencionadas tem sido o principal desafio dentro da comunidade, além daqueles que já são comuns ao cotidiano das famílias. “O coronavírus aumenta todos os desafios que as comunidades já vivem, que é o desafio da desigualdade”, completa.

Além da Vila Kennedy, outras comunidades foram contempladas com as doações. Na comunidade da Palmeirinha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o projeto Eu Vivo Favela realizou as distribuições dos 50 galões que receberam. Foram 500 pessoas alcançadas em apenas um dia. Além deles, os sabonetes foram entregues para as ONGs Observatório de Favelas, Luta pela Paz e Visão Mundial. Com: Unicef

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