Embora estejamos em pleno fervor das discussões sobre o aborto e o estupro da menina, penso que deveríamos nos debruçar sobre aspectos da educação e da cultura da sexualidade, uma vez que, obviamente, este não foi o primeiro dos casos.
De fato, há menos de um ano, a Agência Brasil noticiava que em 2018 houve 66 mil estupros, sendo que a maioria (53,8%) das vítimas eram meninas com menos de 13 anos. Nesse mesmo anuário, autoridades da Segurança Pública traçaram o perfil dos agressores que, há tempos, é constituído basicamente por homens com parentesco e proximidade física com a vítima.
Mas por que este comportamento estaria aumentando? O que estaria fazendo com que homens passassem a procurar crianças? Impunidade? Doença mental?
Como o ódio é um sentimento que costuma cegar as pessoas e este é um momento de impulsividade e dor nas redes sociais, este artigo é uma tentativa de entender o fenômeno, uma tentativa de lançar luz sobre esse terrível acontecimento que se repete.
Não quero denegrir ninguém, mas há décadas a prostituição feminina e masculina passou a ser praticamente aceita socialmente. A mulher de hoje em dia, convenhamos, pode dirigir-se a um homem e declarar-se disposta ao sexo, sem grandes constrangimentos.
Valores morais, defendidos pelas parcelas mais conservadoras da sociedade, tais como a virgindade e a castidade femininas, há tempos são ridicularizados por muitas pessoas.
Hoje, não só se vacinam meninas de 12 anos para DST’s, como distribuem-se preservativos aos jovens nas escolas, educando-se a criança e o adolescente para um novo paradigma da liberação dos comportamentos sexuais, cada vez mais precoces. Mas então se hoje existe tanta liberação e opções legalizadas, por que procurar a inocência das crianças?
Uma das minhas hipóteses seria a de que os homens estão tendo medo de se aproximar das mulheres. Relacionar-se com mulheres, hoje em dia, pode redundar em denúncias, processos de assédio, falsas acusações, etc. Este receio da “esperteza” das mulheres adultas, poderia explicar, ao menos em parte, a busca por crianças, já que elas seriam, em tese, menos preparadas para buscar auxílio policial e jurídico e delatar agressores.
Não obstante, a sexualização precoce da criança, intensamente denunciada pelos grupos mais conservadores, é um elemento que pode contribuir, ainda que minimamente, para o comportamento.
Aguçando-se a curiosidade sexual, mediante ininterrupto bombardeamento midiático de ideias e imagens que estimulam a sexualidade, a criança pode desejar ser adulta antes mesmo que sua estrutura física/psicológica esteja pronta.
Além disso, o fato do sexo parecer corriqueiro, cada vez mais cedo na vida das pessoas, poderia estar relacionado a uma dilapidação da infância, sobretudo das meninas que, aderindo aos ditames feministas, trocaram suas bonecas por maquiagens e roupas sensuais de adultas.
Para piorar, a ideia de perseguir o tal “empoderamento feminino” talvez possa desdobrar-se num desejo da menina por controlar e possuir sexualmente adultos, o que também poderia render-lhe uma sensação de autonomia e liberdade sexual, desafiando e opondo-se às opiniões “ultrapassadas” e contraditórias de seus responsáveis, quando é o caso destes estarem por perto.
Aliás, a esse respeito, um terceiro aspecto que me chama a atenção. A ausência de pais nas vidas de crianças no Brasil é algo gritante. Passou-se a ser quase regra que crianças sejam criadas por amigos e vizinhos, como se seus pais verdadeiros fossem até mesmo dispensáveis. Para completar, muitas crianças têm sido fruto de gestações não planejadas.
Assim, quando elas têm seus pais por perto, estes são jovens imaturos, despreparados para assumir responsabilidades. E, chamo ainda a atenção para outro aspecto. Há uma crença disseminada de que a chegada de um filho não deve fazer com que os pais deixem de levar a mesma vida de prazeres que tinham.
Assim, os jovens – obedecendo a estas justificativas pífias – entregam seus filhos a diferentes pessoas, quando não os trancam em casa enquanto divertem-se, alheios àquela perigosa instalação elétrica irregular ou àquela vela, deixada acesa dentro do barraco ou da casa.
Por outro lado, o fato da criança não estar mais sujeita a regras e educação de pais rígidos, pode deixa-la com uma falsa sensação de liberdade,facilitando seu contato com as drogas, dinheiro e presentes trazidos pelos adultos, o que deixa a infância ainda mais vulnerável aos ataques desses criminosos.
E claro, sem dúvida alguma esse também é um território fértil onde cresce um dos piores problemas nacionais, a prostituição infantil. Segundo estatísticas divulgadas pela UNICEF, postula-se que cerca de 250 mil crianças estejam se prostituindo no Brasil.
Em resumo, casos como o de agora demonstram o quanto é gritante o descaso pela infância e pela juventude. Quanta negligência é observada entre pais e responsáveis e quantas crianças,oriundas de famílias desestruturadas,estão literalmente desamparadas.
Tomados em conjunto, essas ideias expõem o quão trágico, para toda a sociedade, tem sido aderir às ideologias – ditas progressistas – que estão por trás de uma ou mais das hipóteses acima.
Sabemos também que há grupos internacionais que lucram com a exploração de menores, com o tráfico de crianças, com a prostituição infantil, com a venda das drogas para jovens e, no que remete diretamente a esse caso, com o afrouxamento das investigações contra a pedofilia real ou virtual e com a prática do aborto.
São grupos ricos e, é necessário que se diga, que acabam sendo favorecidos pelos discursos e ações de grupos político-partidários da esquerda progressista, interessados na destruição da família e desmantelamento dos valores tradicionais e conservadores da sociedade.
Sem combater a origem educacional, jurídica, financeira e política dos elementos e da corrupção oportunista que há por trás dos fatos elencados nesse texto, creio que ainda teremos muitas vidas sendo perdidas e sofrendo traumas que, direta ou indiretamente, estão atrelados à ação das ideias disseminadas pelo stablishment progressista.