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Política e saúde mental: economizar debates inúteis é vital para se manter saudável

Quem está envolvido com a batalha cultural, como eu, tratar de temas políticos é algo inevitável. Lidamos com isso diariamente, porque é pela política que temos condições de resistir ou propor mudanças que afetam a vida da população. Todavia, isso também pode exigir de nós um preço alto que não podemos negligenciar, que é o da saúde mental.

Combater o que acreditamos ser mentira, prejudicial e autodestrutivo para a vida da população muitas vezes requer o uso de muita energia mental, emocional e até espiritual. Não é por acaso que alguns de nós chegam a demonstrar sinais de esgotamento em determinados momentos.

Essa é uma realidade que não pode ser ignorada, pois quanto mais nos recusamos a reconhecer os efeitos adversos da batalha cultural, mais sujeitos nos tornamos a desenvolver problemas de saúde mental, tais como o estresse. Sensações pontuais como ansiedade e angústia, que são comuns em certos momentos, também podem ser motivos de atenção quando se tornam prolongadas.

O pessimismo, por exemplo, também pode ser um sinal de estresse emocional de quem lida com temas políticos de forma ininterrupta. Deixamos de ver o lado bom das coisas e passamos a encarar tudo como um problema iminente, como se não tivéssemos mais esperança para nada.

Sim, é verdade que em alguns casos o cenário realmente não é bom, mas não podemos nos deixar tomar pela angústia gerada pelo momento, uma vez que isso só agrava a situação e dificulta, para nós, a tomada de decisões capazes de provocar as mudanças que tanto desejamos.

Como seres humanos, precisamos aprender a dosar tudo, inclusive a lida diária com os temas que nos interessam. Isso é importante para oxigenar o cérebro, o que no final das contas contribui para a nossa própria militância, e não apenas para a saúde mental.

Na prática, significa saber a hora de desligar a TV, o computador ou o celular, por exemplo, para dar atenção a outros assuntos e afazes; passar tempo com os filhos, praticar um esporte e outras atividades não relacionadas aos assuntos que mais consomem a nossa atenção no dia-a-dia.

Assim como o corpo precisa de descanso após um longo período de trabalho braçal, a mente também precisa descansar das atividades intelectuais. Suas ideias fluirão melhor se você respeitar esses limites, de modo que, no final das contas, toda a sua saúde será beneficiada, não apenas mentalmente, mas fisicamente.

Outro modo de preservar a sua saúde mental, especialmente em ano eleitoral, onde o ritmo de atividade é muito maior, é evitando debates inúteis. Isto significa, por exemplo, evitar entrar no mérito argumentativo com toda pessoa que faz um comentário em suas redes sociais, ou até mesmo deixar de participar de eventos onde o único objetivo é a exploração de polêmicas.

Em vez disso, finalmente, invista em debates produtivos, onde existe por parte da outra pessoa, ou mídia, o real interesse de colaborar com a sua causa, se abrindo ao verdadeiro diálogo e não a um jogo de troca de ofensas e acusações. Se essas coisas forem postas em prática, acredite, a sua carga emocional será muito menor e os seus dias ficarão mais felizes.

Marisa Lobo
Marisa Lobo é psicóloga clínica, autora de vários livros, especialista em saúde mental e conferencista. Há anos realiza palestras dentro e fora do Brasil sobre prevenção e o enfrentamento das drogas, depressão e suicídio, sendo conhecida também pela luta contra o ativismo ideológico de gênero, aborto e desconstrução familiar.
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