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Três conselhos de uma psicóloga aos pais contra “brincadeiras” mortais da internet

Não é de hoje que “brincadeiras” de péssimo gosto ou mesmo assassinas surgem na internet e fazem vítimas fatais, como a “quebra-crânios” ou “desafio da rasteira”. Anos atrás eu mesma fui convidada para uma audiência pública no Congresso Nacional para falar contra um “jogo” chamado “Baleia Azul”, lembram dele? 

Outro suposto “desafio” ficou conhecido como “Momo”, surgido na metade de 2018. Se tratava de uma figura bizarra de um boneco – no caso, pessoas utilizando essa imagem em seus perfis – que supostamente era compartilhada em vídeos e grupos de mensagens, onde ele dava desafios perigosos para os participantes do “jogo”, incluindo atos de suicídio.

Observe que todas essas “brincadeiras” que menciono se tornaram famosas através da internet. Em outro exemplo, o desafio era aspirar o gás de desodorante aerossol diretamente na boca e tenta inalar, pelo maior tempo possível. Resultado: uma menina de 7 anos morreu em São Paulo.

Além dessas, também ficou famosa uma “brincadeira do desmaio”, ou “jogo da asfixia”, onde a vítima é privada de oxigênio (asfixiada, literalmente!) até desmaiar. Em todos esses casos, tais “brincadeiras” se tornaram virais na internet, sendo compartilhadas em redes sociais e plataformas de vídeos como o YouTube.

Conselhos aos pais

O maior problema que nós, psicólogos, enfrentamos atualmente na lida com crianças e adolescentes, é a falta de representatividade educacional familiar. Isso significa que os pais estão cada vez mais distantes dos filhos, fazendo com que eles (os filhos) fiquem vulneráveis às más influências da internet. Com isso, listo três conselhos práticos:

01 – Acompanhe o que seus filhos acessam na internet, substituindo a influência das redes pela representação familiar. Isso é feito com o desenvolvimento da confiança entre pais e filhos. Você, pai e mãe, precisa ser o “ídolo” do seu filho(a), e não um youtuber falando bobagens por ai.

A identificação de crianças e adolescentes com outros é normal, e necessária, mas a influência imperativa, ou seja, a que tem o poder de determinar o tipo de comportamento dos seus filhos, isso não. Esse poder de “modelagem” apenas os pais devem possuir e para tanto requer proximidade, companheirismo e confiança;

02 – Uma vez acompanhando, filtre o que seus filhos acessam na internet, mas de forma orientada. Mas, como assim? Significa que você fará esse filtro junto com seus filhos, para que eles saibam o motivo disso. Em último caso, a palavra final é sua, mas ela deve ser compreendida ao longo das escolhas, para que seus filhos se sintam participantes do processo de decisão. Isso ajuda na formação moral deles e solidifica uma postura de confiança;

03 – Converse sobre o que ocorre em outras famílias, alerte sobre o mundo e previna sobre o risco de outras crianças e adolescentes não serem boas influências. Essa é uma informação que parece básica, mas é muito poderosa se feita corretamente, pois tem muitos pais que não dialogam sobre a realidade da vida com seus filhos, tratando-os como se vivessem dentro de uma bolha.

Esse acompanhamento, filtro e conversa são fatores de prevenção contra “brincadeiras” assassinas ou maliciosas. São práticas simples, mas negligenciadas por muitos pais na atualidade, e é justamente por isso que esse tipo de conteúdo se torna viral, já que muitos filhos vivem isolados em seus próprios mundos virtuais.

Fica o alerta!

Marisa Lobo
Marisa Lobo é psicóloga clínica, autora de vários livros, especialista em saúde mental e conferencista. Há anos realiza palestras dentro e fora do Brasil sobre prevenção e o enfrentamento das drogas, depressão e suicídio, sendo conhecida também pela luta contra o ativismo ideológico de gênero, aborto e desconstrução familiar.
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