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[Análise] Moro optou pelo sensacionalismo, ciente de que estaria incendiando o país

Estou bem triste e decepcionada com a “insubmissão” do Juiz Sérgio Moro. A coletiva do ex-ministro foi ruim para o país, pois ele tentou criar uma falsa narrativa de gravidade em denúncias vazias, baseadas em especulações.

Moro foi insubordinado, disse coisas que não deveria como ministro, pois quer queira ou não ainda estava falando como tal e deveria ter tido a ética de primeiro falar pessoalmente com o presidente que lhe nomeou, exatamente como qualquer funcionário deve fazer ao pedir demissão para o seu chefe.

Com todo respeito e admiração que tenho por Moro, acho que às acusações foram graves, especialmente por serem baseadas em muitas especulações e opiniões pessoais. Será mesmo que ele poderá realmente provar o que disse?

Ao Jornal Nacional, entendo que não foram apresentadas provas, como alardeou a Globo, mas conversas em âmbito privado que por si mesmas não são suficientes para apontar qualquer crime de responsabilidade, mas apenas opiniões pessoais emitidas tando pelo presidente como pela deputada Carla Zambelli.

A simples troca do diretor-geral da Polícia Federal não caracteriza interferência na corporação, pelo simples fato de que a Lei atribui ao presidente o poder de indicação e troca como bem entender. É preciso muito mais do que os prints apresentados pelo ex-ministro, em termos de “provas”, para acusar Bolsonaro de tentar interferir na PF. 

Na prática, a impressão que tivemos foi a de um Moro que não pensou no povo. Se tivesse pensado, não diria tais coisas por questão de segurança pública. Em vez disso, faria suas acusações de modo formal, procurando antes de tudo as autoridades, a fim de apresentar suas provas e então assumir a responsabilidade pelas consequências.

Mas, não foi isso o que fez o ex-ministro. Moro preferiu fazer suas acusações em rede nacional, convocando uma coletiva de imprensa como se estivesse premeditadamente armando um palco para si próprio, sabendo que seria assistido por milhões de brasileiros.

Como brilhante ex-juiz, Moro sabe mais do que ninguém que antes de fazer graves denúncias deve se munir de provas e recorrer ao poder público antes de mais nada. Se tivesse feito isso, Moro anunciaria a sua demissão respaldado, podendo apresentar formalmente acusações já protocoladas junto às autoridades. Mas não foi isso o que fez. Moro optou pelo sensacionalismo, ciente de que estaria incendiando o país.

Um viés à esquerda 

Outra opinião crítica pesa sobre o ex-ministro em termos de governo. Para nos, conservadores, Moro errou muito ao colocar esquerdistas no seu ministério. Nós simplesmente evitávamos dizer isso abertamente, pensando na estabilidade administrativa do país e, também, por confiar no discernimento do então ministro da Justiça.

A proposta do Bolsonaro, contudo, sempre foi extirpar a esquerda da máquina pública. Não nego o fato de Moro ser referência na luta contra a corrupção, e creio que continuará assim independentemente das divergências políticas em questão.

Sempre apoiei a Lava Jato e o trabalho de Moro enquanto juiz, mas para atuar como ministro de Estado é preciso ter mais diálogo e paciência, visto que ele entra como um funcionário subordinado ao presidente da República.

Anunciar a sua renúncia em plena pandemia, a meu ver, significa que Moro pensou mais nele do que no país, sendo impulsivo, pois no dia anterior, segundo informações, a própria assessoria do então ministro negou que ele sairia da pasta.

Outra dúvida que fica é: se o que Moro disse sobre interferência na PF é verdade, não seria mais fácil ele permanecer no cargo para reunir provas suficientes e finalmente denunciar o presidente? Ora, se é no Brasil que ele pensa, não seria mais fácil ajudar o país estando lá, bem no meio das coisas onde tudo acontece?

Ou será que Bolsonaro está certo ao dizer que a permanência de Moro no cargo se deu de forma condicionada à sua nomeação para o Supremo Tribunal Federal, o que não foi aceito pelo presidente como o ministro teria exigido? 

Por fim, o que temo é que as palavras de Moro tenham sido criadas para construir uma “narrativa”, a fim de favorecer um pedido de cassação do Presidente. Estou muito apreensiva com isso, confesso, pois será o caos para todos nós que sonhamos em derrotar a corrupção e a esquerda política, que nessa circunstância se fortaleceria travestida de “direita” mas progressista.

Marisa Lobo
Marisa Lobo é psicóloga clínica, autora de vários livros, especialista em saúde mental e conferencista. Há anos realiza palestras dentro e fora do Brasil sobre prevenção e o enfrentamento das drogas, depressão e suicídio, sendo conhecida também pela luta contra o ativismo ideológico de gênero, aborto e desconstrução familiar.
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