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A estranha “megalomania” de Witzel está lhe transformando em uma piada cotidiana

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, tem protagonizado situações no mínimo questionáveis ao longo do seu primeiro ano de mandato. Em todos os caos, uma fator comum chama atenção: o discurso de grandeza envolvendo a si mesmo.

Na psiquiatria existe um conceito teórico chamado de “megalomania”, que nada mais é do que um transtorno psicológico definido por delírios e fantasias de poder, relevância ou onipotência. O sujeito que possui tal condição apresenta um pensamento voltado para si mesmo, geralmente fixado na ânsia de se destacar e ser respeitado por isso.

É de se notar que Wilson Witzel é um ex-juiz de Direito (pessoa que tem o poder de decidir) e ex-militar (pessoa que tem o poder de impor algo por meio da força), e agora é um governador declaradamente querendo ser presidente (pessoa que tem o poder de governar).

Um currículo, portanto, associado à obtenção de poder. Além dos fatos objetivos relacionados à carreira de Witzel, temos os discursos do próprio governador. Mal assumiu a gestão do Rio de Janeiro, Witzel já falou em ser presidente do Brasil em abril desse ano em uma entrevista para a BBC.

Questionado se queria ser presidente, Witzel respondeu:

“Eu estudei a minha vida inteira, estou preparado para governar o Rio de Janeiro e estou preparado para governar o nosso país. Fiz mestrado, estou terminando meu doutorado e não paro de estudar nunca. Acho que o Brasil precisa sempre de líderes que possam dar as gerações futuras melhores oportunidades. É isso que quero fazer pelo nosso país.”

E acrescentou: “A vida é feita de planejamento. O presidente Bolsonaro tem meu respeito. Se ele não for candidato, eu quero dar continuidade a um projeto de transformação do Brasil e resgate da economia do nosso país.”.

Em agosto desse ano, em outra entrevista, Witzel novamente falou que deseja ser o futuro presidente do Brasil, “de preferência sucedendo o presidente Bolsonaro“, segundo a Exame. Já em setembro, o governador foi mais enfático ao responder à jornalista Andreia Sadi.

“Eu sou governador do estado querendo ser presidente da República, porque aquilo que eu acredito que vai ser bom para o estado do Rio, para desenvolver a economia, desenvolver socialmente a população, resolver problemas graves do estado como a questão da pobreza nessas comunidades, o crime organizado… tem questões macro que só um presidente pode resolver e eu tenho projetos para o Brasil”, disse ele, segundo O Globo.

Witzel: um megalomaníaco?

Em menos de um ano, no primeiro mandato político da sua vida, Witzel falou três vezes em querer ser o futuro presidente da República. Isto sem considerar declarações de bastidores, algo que possivelmente já ocorreu.

Não há problema algum em planejar ser algo no futuro. Sonhar em ser o presidente, também não. Contudo, o problema das declarações de Wilson Witzel é que elas não apontam para um simples desejo pessoal, mas para um projeto de poder.

Dentro desse projeto, faz parte a protagonização de cenas que visam chamar atenção de tal forma que fica evidente a artificialidade com que tais situações são produzidas, como a comemoração pela vitória do Flamengo, por exemplo, pelo título de campeão da Taça Libertadores de 2019 no último sábado (24). Assista abaixo e tente não rir:

A cena em que Witzel comemora o fim de um sequestro na Ponte Rio-Niterói em agosto desse ano, descendo do helicóptero aos pulos e gritos, também é outra produção que, se não fosse somada às suas declarações e outras situações já existentes, poderia ser natural, mas dentro de um contexto amplo visto só agora, reforça o quadro de estranheza que envolve o governador.

Witzel na Ponte Rio-Niterói comemorando o fim de um sequestro.
Witzel na Ponte Rio-Niterói comemorando o fim de um sequestro como quem acena para uma plateia de auditório.

 

Se o governador do Rio não rever a sua postura, certamente cenas como a do jogador Gabriel Jesus ignorando-o diante de milhões de pessoas, enquanto ele estava ajoelhado, se repetirá de muitas formas diferentes. Sua ânsia pelo poder convertida em uma oposição velada ao presidente Bolsonaro também será vista como um ato de traição.

Finalmente, enquanto Witzel exalta cada vez mais a si mesmo, sua ânsia pelo poder também se revela, mas não de forma positiva e sim patológica. Não é possível afirmar se isto é megalomania ou não, mas podemos dizer com toda a certeza que cenas como a ocorrida na final da Taça Libertadores envergonham o público, o eleitor e ao estado do Rio.

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