Como se já não bastasse o temor do novo coronavírus para atormentar o juízo de muitos, surgem figuras em terra alheia que não por acaso ganham amplo destaque na grande imprensa, como se falassem em nome da população contra o presidente da República, o qual há poucos dias foi ovacionado por milhares de pessoas nas ruas de todo o país.
Se trata de um imigrante haitiano que durante uma aparição de Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, tratou de afirmar em tom imperativo que o mesmo não é mais o presidente do Brasil, tudo por causa da aproximação de Bolsonaro aos manifestantes no último domingo.
“Você está entendendo, eu estou falando brasileiro. Bolsonaro, acabou”, disse o imigrante em tom de autoridade. Bolsonaro respondeu, dizendo que não estava entendendo a fala do haitiano, mas ele continuou: “Você está recebendo mensagem no seu celular. Todo mundo, todo brasileiro está recebendo mensagem no celular. Você não é presidente mais.”.
Apoiadores do presidente que também estavam no local ficaram surpresos com a estranha manifestação do imigrante. Uma mulher chegou a questionar: “O que é isso?”. Ela, assim como outros, certamente deve ter se perguntado o que teria feito um imigrante achar que poderia falar em nome dos mais de 57 milhões de brasileiros que elegeram o presidente da República.
Como é de se esperar, opositores do presidente – o que inclui a maior parte da imprensa – tratou de repercutir a fala do estrangeiro em terra distante, dando-lhe todo o crédito de autoridade pela declaração, transformando-o em uma espécie de porta-voz das “verdades” mais absolutas que poderiam ser ditas em tempos de caos.
Ora, é possível que o haitiano esteja realmente preocupado com a pandemia do novo coronavírus no mundo. Críticas ao presidente brasileiro, e até manifestações, são legítimas, mesmo para um imigrante.
O que estranha mesmo é a declaração em tom autoritário contra a máxima autoridade do Brasil, como se os brasileiros tivessem lhe dado uma procuração para falar em causa própria: “Você não é presidente mais”. Era só o que faltava…