Durante o depoimento do ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro na CPI da Covid, o senador Renan Calheiros, relator da Comissão, demonstrou por diversas vezes não estar satisfeito com as respostas dadas pelo depoente, chegando a ameaçar pedir a prisão do mesmo ao acusá-lo de faltar com a verdade.
De forma semelhante, o presidente da CPI, senador Omar Aziz também intimidou Wajngarten e chegou a lhe ofender, menosprezando a sua passagem pelo governo federal ao sugerir que ele nem seria lembrado.
“Senhor Fábio, o senhor só está aqui por causa da entrevista da revista Veja. Senão a gente nem lembraria que o senhor existia, o senhor está me entendendo? É só por causa disso, não tem outra razão para você estar aqui”, disse Aziz.
Toda a pressão exercita sobre Wajngarten ocorre por causa de uma entrevista concedida por ele à revista Veja, onde o mesmo teria feito algumas críticas à gestão do presidente Bolsonaro na pandemia do coronavírus. Todavia, durante o seu depoimento, o ex-secretário elogiou o governo e defendeu o presidente diversas vezes, frustrando a expectativa do relator e presidente da CPI.
Em seus questionamentos, Renan Calheiros escancarou qual é o seu objetivo na CPI: colher declarações que possam comprometer o presidente Jair Bolsonaro de alguma forma, a fim de montar uma narrativa de suposto crime de responsabilidade por parte do Executivo na pandemia.
O senador Calheiros deixou transparecer diversas vezes seu profundo incômodo com o fato de Wajngarten não lhe dar as respostas esperadas, resultando daí a acusação de que o ex-secretário estaria faltando com a verdade. A deputada federal Carla Zambelli chegou a intervir na reunião, acusando Calheiros de ameaçar o depoente.
Semelhantemente, o senador Eduardo Girão e Marcos Rogério também se manifestaram em defesa de Wajngarten, apontando abuso de autoridade por parte de Renan Calheiros. Ao comentar o episódio, Zambelli foi clara ao dizer que a CPI da Covid perdeu completamente a sua credibilidade como órgão investigativo.
“Sinceramente não acho que o governo precise ser defendido, pois está claro que esta CPI é 100% suspeita, a começar pelo relator, por óbvio, e o presidente, que fica nervosinho quando o depoente não bate no @jairbolsonaro. Ameaça de prisão recorrente é o mínimo que se vê aqui”, comentou a deputada.
Marcos Rogério, por sua vez, também comentou em sua rede social: “Renan Calheiros comete abuso de autoridade ao ameaçar o depoente de prisão quando as respostas não atendem às suas expectativas! Estamos diante de uma flagrante ilegalidade! #CPIdaPandemia”