O presidente Jair Bolsonaro marcou para hoje, às 19h, a sua tão anunciada apresentação de supostas provas de fraudes eleitorais ocorridas no Brasil, precisamente em 2014 e em 2018. Contudo, temos motivos para acreditar que essa iniciativa traz altíssimo risco para o presidente, e é nisso que focaremos a opinião crítica de hoje.
Primeiro, segundo o presidente, o que ele pretende fazer é mostrar fortes indícios de que houve, de fato, fraude eleitoral no Brasil, e isso com o único propósito de reforçar a sua defesa do voto impresso auditável. Portanto, podemos concluir que uma coisa está automaticamente ligada a outra.
Não faria sentido Bolsonaro comprar uma briga com o TSE se não fosse para reforçar a sua defesa do voto impresso. Acontece que ao fazer afirmações sobre fraudes, o presidente atrelou a proposta do voto auditável à contundência da sua apresentação de hoje, ficando obrigado a ter que mostrar, de fato, provas sobre o que disse ou no mínimo evidências muito robustas.
Aqui está o grande risco: se Bolsonaro não conseguir convencer a população com a sua apresentação, e em vez disso acabar refutado por parte dos técnicos do TSE de forma compreensível aos olhos da maioria, perderá praticamente toda a credibilidade dos seus argumentos em favor do voto impresso.
Isso porque, o único motivo pelo qual a PEC do voto impresso existe é justamente a desconfiança com relação à segurança das urnas eletrônicas. Se o que Bolsonaro tem para mostrar na live de hoje, portanto, não for suficiente para deixar isso escancarado, o efeito será reverso. A oposição tentará lhe ridicularizar, o TSE ganhará força no Congresso e a PEC será enterrada.
Mas, por outro lado…
Por outro lado, se o que Bolsonaro mostrar hoje for algo suficiente para que a segurança das urnas eletrônicas seja, de fato, posta em dúvida de forma muito contundente, compreensível e tecnicamente reconhecida, ou seja, auditada por um profissional respeitável, o presidente poderá estar batendo o martelo pela aprovação do voto impresso, e neste caso o enterro será do TSE.
Não há dúvida de que a oposição, apoiada muito provavelmente por boa parte da grande mídia, fará todo o possível para desacreditar tudo o que for apresentado pelo presidente, por mais contundente, compreensível e incontestável que seja. Isso porque a luta deles não é contra uma narrativa, mas contra o próprio governo, estando ele certo ou errado.
Todavia, para Bolsonaro e seu governo, o que interessa na apresentação de hoje não é convencer a oposição, nem mesmo os ministros do STF e do TSE, mas a população em geral e também os membros das Forças Armadas. É nisso que está a nossa aposta.
Se houver esse convencimento a partir das evidências apresentadas, a população muito provavelmente dará conta de fazer o resto em favor do voto impresso, e isso dará respaldo ao presidente junto ao apoio dos militares para uma eventual reação futura, caso fique constatada a omissão de outras autoridades diante de denúncias realmente graves.