Muito antes de assumir a presidência da República do Brasil, o então parlamentar Jair Messias Bolsonaro já utilizava suas redes sociais para se comunicar com a população, especificamente seu eleitor, mas certamente não fazia ideia de que essas ferramentas lhe ajudariam a chegar ao Palácio do Planalto, contrariando todo o poderio da grande imprensa.
Após vencer uma eleição praticamente sem orçamento e feita quase totalmente através das mídias sociais, Jair Bolsonaro e apoiadores entenderam que não haveria mais a necessidade de utilizar a grande mídia como intermediária das suas informações. A posição relevante da imprensa junto ao Palácio do Planalto, portanto, desmoronou.
Além do corte de 45% de verbas públicas para campanhas publicitárias do Governo na imprensa, Bolsonaro também revogou supostos privilégios concedidos à determinadas empresas, mas sem citar nomes, como o Grupo Globo. “A imprensa livre é a garantia da nossa democracia. Vamos acreditar em vocês, mas essas verbas publicitárias não serão mais privilegiadas para a empresa A, B ou C”, disse o presidente em janeiro desse ano.
Lives semanais de Bolsonaro
Algumas estratégias de comunicação adotadas pelo presidente significam, na prática, a quebra do poderio da grande mídia diante da informação. Através das suas lives semanais no Facebook, por exemplo, Jair Bolsonaro oferta ao público informações exclusivas em primeira-mão, sem qualquer intermediação alheia.
Publicações diárias no Twitter, outro exemplo, se tornaram comuns ao ponto de servir como anúncio para decisões importantes do Governo. O que os jornalistas antes buscavam com exclusividade nos bastidores de Brasília, hoje é na internet que boa parte do trabalho é realizado.
Ao adotar esse novo formato de comunicação com o público, Bolsonaro permite que a população tenha acesso direto à informação sem edição, evitando, assim, que o público seja manipulado facilmente. Outra vantagem nisso está na proximidade com o eleitor, por exemplo, quando percebe que o presidente responde a questionamentos na rede, mostrando que está atento ao que ali é publicado.
Outras atitudes do presidente Bolsonaro também consolidam essa “quebra” da grande mídia, como o fato de se manter acessível ao público, permitindo sua aproximação e interação com perguntas e respostas também pessoalmente, nas saídas e chegadas dos seus compromissos. Na prática, o povo é colocado lado-a-lado com a imprensa e por vezes recebe maior privilégio do que os jornalistas.
Por fim, esse novo formato de comunicação instantânea com o público é uma tendência dos líderes globais que não se enquadram no establishment. O presidente americano Donald Trump é outro grande exemplo. Essa é uma alternativa de sucesso amplamente adotada pelos “perfis desviantes” da política, cultura e ciência. Não deveria ser esse o caminho, mas é o ideal para o momento.