Bastou Lula abrir a sua boca por algumas horas para a esquerda inteira entrar em pânico, não por causa do conteúdo das suas palavras, mas pelo impacto negativo que ele causa aos ouvidos da maior parte da população. Por isso, a estratégia da campanha petista visa agora assumir outra postura, onde a exploração da pobreza é o foco principal.
O Partido dos Trabalhadores sabe muito bem como alcançar o eleitorado mais humilde e pobre, pois essa estratégia é antiga e típica de líderes autoritários que visam se perpetuar no poder, beneficiando-se do pouco esclarecimento dessas pessoas.
Durante o período do Alto Império Romano, por exemplo, de 100 a 44 anos antes de Cristo, ficou conhecida a chamada “Política do Pão e Circo”, com a qual podemos fazer um rápido comparativo.
Naquela época, a plebe – termo utilizado em referência aos plebeus, parte da população considerada pobre, formada em sua maioria por camponeses – constituía uma grande camada social que, apesar de desprovida de privilégios, representava um número alto de contribuintes de impostos e mão de obra. Eram, portanto, uma ala vital para a estabilidade do Império.
Os plebeus, contudo, precisavam se manter distraídos dos reais problemas do Império, a fim de que não passassem a levantar questionamentos, por exemplo, sobre corrupção, exploração social, desigualdade e outros dilemas. Foi assim que a política do pão e circo entrou em cena.
O pão representava a distribuição de suprimentos básicos para população, por parte do Estado, como o trigo usado em sua confecção. Já o circo compunha a parte essencial da distração, pois oferecia lazer ao público. Jogos diversos e as mais famosas e cruéis lutas de gladiadores também integravam essa política.
Enquanto a política do pão e circo era aplicada, os governantes mantinham os seus privilégios sob à distração das camadas mais pobres. Enquanto o povo tivesse algo para comer e se divertir, por mais precária que fosse a vida, a “harmonia social” imperava e os velhos dominadores continuavam explorando sem muitas resistências.
O Brasil atual
A realidade no mundo atual, politicamente falando, não é muito diferente da velha Roma. A esquerda, por exemplo, continua apelando aos pobres com promessas focadas no “pão” e no “circo”.
No Brasil, podemos associar o pão ao salário mínimo e a políticas paternalistas (não confundir com assistencialista). Nós, brasileiros, temos muito potencial de empreendedorismo e vimos isso aumentar durante a pandemia.
Para um governo controlador, no entanto, não é interessante fazer o seu povo se libertar da dependência econômica básica, podendo ganhar muito mais. É mais interessante manter o pobre sob o controle estatal e dos órgãos que servem como braços desse regime, a exemplo dos sindicatos.
É por isso que Lula já tratou de dizer, que, se for eleito presidente do Brasil este ano, tratará de derrubar a lei que prevê a não obrigatoriedade do imposto sindical por parte dos trabalhadores; lei essa aprovada no governo Bolsonaro.
O governo Bolsonaro, economicamente falando, vem investindo pesado na desburocratização da máquina pública, justamente para fazer com que o trabalhador dependa o mínimo possível do salário mínimo. A livre iniciativa somada à facilidade de contratação e demissões, tudo isso impulsiona o indivíduo, em fez de prendê-lo.
Ao mesmo tempo, este governo também vem buscando diversificar os investimentos na cultura (modificação da Lei Rouanet), o que antes era restrito a um grupo seleto de indivíduos privilegiados com somas absurdas dos cofres públicos: eles eram o circo!
Também podemos associar o “circo” no Brasil atual ao monopólio dos grandes meios de comunicação. Até pouco tempo, por exemplo, apenas um canal de TV tinha os direitos de transmissão de alguns jogos, o que já foi modificado.
Novamente, portanto, não é por acaso que Lula também já falou mais de uma vez sobre o seu desejo de regulamentar as mídias. Seria o controle de uma das ferramentas do circo em suas mãos? São questionamentos com base nos indícios do atual cenário político brasileiro.
Conclusão
A campanha petista já entendeu que tratar de pautas morais e de costumes só afastará ainda mais o povo de Lula, pois a maioria dos brasileiros é cristã e conservadora.
Assim, lhe resta apelar para o discurso econômico, usando a pobreza herdada no país ao longo de décadas, e agravada por conta de uma pandemia, para tentar parecer um bom candidato.
Ocorre que o Brasil já viu no que resultou 14 anos de governo petista. O maior escândalo de corrupção da nossa história e desvios bilionários que estavam levando o país à falência total, salvo não tivéssemos o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, o que possibilitou a retomada do controle e de uma nova política que foi capaz de recolocar o país nos trilhos.
A história está aí, bem como a lição, e errar novamente não é uma opção.