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Conheça três erros fatais na educação dos pais com os filhos na geração “mi mi mi”

Uma das maiores demandas nas clínicas de psicologia na atualidade é o que muitos pais classificam como comportamento “indisciplinado, rebelde e agressivo” dos filhos. O desinteresse pelos estudos, falta de interação familiar, isolamento, a “hiperatividade” e por vezes atos compulsivos também engrossam essas reclamações.

A depressão, ansiedade e episódios de automutilação estão na outra extremidade desses comportamentos. Em todos os casos, porém, estamos falando de problemas de ordem comportamental/emocional, onde em 90% das vezes a origem do problema está na educação dos pais com os filhos na geração “mi mi mi”.

Pensando nisso, o objetivo desse texto é apontar três erros fatais cometidos pelos pais, a fim de procurar elucidar a maneira correta como os filhos devem ser educados, visto que boa parte das boas referências sobre educação familiar já foi perdida. Vamos aos itens?

01 – Correção tardia

É comum os pais reclamarem de filhos com 10, 12, 15 anos ou mais, apresentando comportamentos problemáticos. No entanto, a maioria deles não percebe que o comportamento não se instala como se alguém apertasse um botão: ele é construído!

Os filhos “indisciplinados” entre os 10 e 15 anos são pessoas que, muito provavelmente, não foram corretamente disciplinados entre os 5 e 10 anos. 

Os filhos entre 5 e 10 anos taxados como “indisciplinados”, por sua vez, certamente não foram disciplinados corretamente nos primeiros 5 anos de vida. A falta de aplicabilidade desse conhecimento é o que resulta na chamada correção tardia.

A correção tardia é difícil, porque ela exige muito mais trabalho da parte dos pais. É nesse momento de necessidade que os pais procuram ajuda profissional, querendo transferir a responsabilidade do problema (que é da família), para outros.

Para educar, os pais precisam saber o momento exato de aplicar a correção nos filhos, e isso começa desde os primeiros meses de vida, algo que na atual geração, onde os pais dividem muito o tempo da família com outras atividades, é completamente negligenciado.

02 – Interferência na autoridade paterna ou materna

O segundo erro fatal na educação dos pais com os filhos é a interferência na autoridade paterna ou materna. Isso ocorre, por exemplo, em famílias muito numerosas, onde há vários cuidadores, como avós, tios e tias. Outro agravante surgido recentemente é a mídia.

A internet, TV, os veículos de comunicação em geral se tornaram parte da cultura familiar, de modo que eles interferem diretamente no desenvolvimento psicossocial de muitas crianças e adolescentes. Para comprovar isso, basta observar o grande número de crianças a partir de 01 ano com celular nas mãos.

Para uma educação correta, os filhos precisam saber exatamente quais são às figuras de autoridade sobre eles. Observe que isso não tem a ver com respeito, simplesmente, mas com obediência. O respeito é para todos, mas a obediência não.

A desautorização paterna ou materna ocorre quando algum membro da família, ou um dos cônjuges, interfere em uma ordem estabelecida pela figura de autoridade maior, sua visão de mundo e valores transmitidos aos filhos. Não importa quem seja o cuidador(a).

Mutas vezes isso ocorre na frente dos filhos, o que é muito pior, pois confunde a criança. Em sua mente, ela pena: “Quem manda realmente em mim? A quem devo obedecer?”. O pai diz uma coisa, a mãe outra, enquanto os avós outra, e assim por diante.

Em tal circunstância, a criança vai “obedecer” a quem ela achar mais conveniente, visando o que parece lhe agradar mais, pois ela sabe que em caso de divergência contará com o apoio do “rival” do pai ou da mãe para lhe apoiar.

03 – Ausência afetiva / falta de exemplo

O terceiro e último erro fatal na educação dos pais com os filhos é a ausência afetiva, que pode ser entendida também como falta de exemplo. Ora, crianças não obedecem pessoas que para ela são sinônimos de negligência ou referencial negativo.

Esse é um grave problema, típico da atual geração, porque ele é o resultado direto da preocupação cada vez maior dos pais, especialmente das mães, com o sucesso profissional, aquisição de bens e outros interesses alheios aos da família.

Infelizmente, muitos pais confundem ocupação com educação. Eles acham que deixando os filhos ocupados com alguma atividade, como vendo filmes, desenhos, jogando, fazendo aula de alguma coisa, estão cumprindo o papel de educar, quando não estão.

Ausência afetiva, portanto, ocorre na presença dos pais. O corpo está presente, mas não à atenção, e se não há atenção, não há afeto. Os filhos sentem profundamente isso, muito embora não saibam expressar verbalmente. A forma como eles expressam isso é desenvolvendo problemas comportamentais/afetivos.

Educação é exemplo. Não se ensina autocontrole, respeito, moderação e organização aos filhos em uma casa descontrolada, onde os moradores se desrespeitam, exageram em tudo e mantém suas próprias atividades bagunçadas. Isso também é uma forma de ausência afetiva, visto que os pais que não atentam para isso, estão sendo negligentes para com a necessidade dos filhos de ver neles o exemplo a ser seguido.

Por que geração “mi mi mi”?

O termo “mi mi mi” faz referência à geração de crianças e adolescentes, jovens em geral, que justamente pela falta de educação correta dos pais se tornam indisciplinados, de fato. São pessoas que não sabem lidar com frustrações, porque não sabem reconhecer os próprios limites.

São jovens que não aprenderam a importância do “não”, da privação de necessidades, da correção verbal e até mesmo física se necessário, e por isso pensam e se comportam como pequenos deuses em suas próprias casas, desobedecendo não apenas os pais, mas também às regras de convivência da sociedade.

É essa mesma geração “mi mi mi” que também tem adoecido emocionalmente, apresentando altos índices de depressão, ansiedade, agressividade e suicídio. Isso porque, apesar de serem responsáveis por seus atos e terem consciência do que fazem, tais jovens são muito mais vítimas da cultura vigente do que promotores dela.

Por isso esse artigo é voltado diretamente para os pais, e não aos jovens.

Conclusão

O objetivo desse texto não foi ensinar o momento certo de disciplinar, como exercer autoridade e ser presente afetivamente, mas sim apontar que o oposto disso são três erros fatais na educação dos pais com os filhos.

Se você, pai ou mãe, avó ou avó, cuidador em geral, identificou que tais erros fazem parte da sua rotina, isso é o primeiro passo para a correção. Em outro texto abordaremos como lidar com cada um dos três erros, mas até então, é altamente recomendável a leitura complementar desse outro: 

Dar palmada nos filhos educa, sim, e faz muita falta na atual geração – Entenda“.

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