O uso de drogas no Brasil, lícitas ou ilícitas, é um grave problema de ordem pública. Isso porque não envolve apenas a saúde da população, mas praticamente todas as políticas sociais, como a de segurança, educação e cidadania. A dependência química prejudica o indivíduo globalmente e o público que mais carece de atenção neste sentido são os jovens.
Muito se fala no Brasil sobre a necessidade de prevenção e combate ao uso de drogas, o que é verdade, mas infelizmente, ao longo dos anos, as políticas públicas desenvolvidas sobre o tema se resumiram muito mais em paliativos do que em modos concretos de enfrentamento do problema.
Segundo o 3° Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, realizado em 2015 sob a coordenação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) junto a entidades como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a Universidade de Princeton, nos EUA, mais de 60% da população no país que já fez consumo de droga ilícita ao menos uma vez, relatou ter ocorrido esse evento antes dos 18 anos.
A maconha é a principal droga ilícita utilizada no Brasil, seguida da cocaína. Entre as drogas lícitas, o álcool e o tabaco são os principais, havendo relato considerável de consumo entre jovens abaixo de 15 anos. Ou seja, entre indivíduos que mal saíram da infância.
Tudo isso nos mostra, que, para prevenirmos a dependência química, precisamos combater a promoção das drogas já na infância e adolescência, porque infelizmente é nessa faixa-etária que os entorpecentes fincam raízes, sendo elas que vão desenvolver e criar problemas mais graves no futuro. O álcool e o tabaco, por exemplo, tendem a ser portas de entrada para o consumo de drogas mais pesadas, como a maconha, a cocaína e os solventes.
Mas, como fazer prevenção contra o abuso de drogas tendo como foco um público tão jovem? É possível criar diversas políticas para isso, mas o meu foco aqui, nesse texto, é ressaltar a importância do acolhimento afetivo de crianças e adolescentes. Acolhimento esse que deve ser feito principalmente pelos pais, os parentes em geral e em seguida pela escola.
Isso, porque, crianças e adolescentes propensas ao consumo de drogas geralmente apresentam problemas de ordem emocional e/ou são facilmente influenciáveis por terceiros, devido à falta de referencial familiar. O “abraço” afetivo, neste caso, é um fator de proteção, e quando falo disso me refiro à presença afetiva dos pais na vida do menor, em todos os aspectos do seu desenvolvimento.
Como podemos ver, portanto, o combate à dependência química vai muito além do enfoque nas drogas, em si. Ele antecede o uso do próprio entorpecente. Sendo assim, espero que nós, líderes, profissionais de saúde, pais e mães, tenhamos a responsabilidade e a consciência do nosso papel em acolher e proteger nossas crianças e adolescentes desde já.