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Militância voluntária não pode ser confundida com crimes de ameaça

Parece haver um dilema instalado no país: existe ou não uma militância voluntária pró-Bolsonaro? Essa pergunta é facilmente respondida por quem apoia o governo e sabe que não recebe um centavo para isso, salvo o incentivo de outros brasileiros e dos próprios ideais.

Entretanto, para a oposição e, aparentemente, para alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, parece impossível acreditar que milhões de pessoas possam estar nesse exato momento atrás de um computador ou grudado no celular, compartilhando, lendo, curtindo e produzindo conteúdos em defesa do presidente de forma 100% voluntária.

Por causa disso se tornou comum a utilização dos termos “gabinete do ódio” e “milícias virtuais” para se referir aos apoiadores do presidente. A impressão é a de que isso se tornou uma tática para desacreditar perante o poder público a legitimidade de uma militância voluntária, diferentemente de outras que só existem mediante interesses partidários.

Não ao crime de ameaça

É preciso deixar muito claro que em todo grupo há, também, pessoas que ultrapassam o limite do aceitável. Tais pessoas, contudo, não falam pela maioria e não podem ser “pescadas” como exemplos do todo.

Incitar a violência contra adversários políticos, por exemplo, ou mesmo contra os ministros do Supremo Tribunal Federal, é algo inaceitável, não apenas porque caracteriza crime, mas também porque não faz parte da índole de verdadeiros cidadãos civilizados, moralmente corretos e conservadores.

Por outro lado, é inadmissível que na ânsia de querer derrubar adversários se instale uma verdadeira caça às bruxas no Brasil contra quem milita voluntariamente em apoio ao presidente da República ou qualquer outro.

Os ministros do Supremo, portanto, não podem confundir crimes de ameaça com a militância legítima, devidamente legal e democrática, incluindo a que faz uso de críticas contra os Poderes, por mais ácidas que sejam, uma vez que também faz parte do direito à liberdade de expressão criticar qualquer coisa.

Ministros, autoridades públicas e militantes das mais diversas origens e lados do debate político, precisam urgentemente recobrar os valores fundamentais do Estado Democrático de Direito em nome do bem comum. Em nome da manutenção de um regime que, apesar de jovem, continua sendo mais plural e saudável para o país.

No mais, militância 100% voluntária pró ou contra o presidente existe, sim, e ela é forte porque às ferramentas de comunicação hoje são fortes, espontaneamente organizada e legalmente operante, ainda que adversários ideológicos reconheçam ou não.

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