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Movimento Nacional Pró-Mulher repudia agressões a Nise Yamaguchi na CPI da Covid

O tratamento conferido por alguns senadores à médica Nise Yamaguchi, durante o seu depoimento na CPI da Pandemia na terça-feira (01/06/2021), é algo que não podemos deixar passar despercebido ou mesmo minimizar, uma vez que o que assistimos foi um dos episódios mais deploráveis na história do Senado Federal.

Como presidente do Movimento Nacional Pró-Mulher, ativista em defesa da vida, psicóloga que há décadas luta em favor dos Direitos Humanos, contra o suicídio e abusos contra a mulher em todos os aspectos, me sinto mais do que no dever de repudiar os episódios de machismo, arrogância, prepotência e estupidez dos quais a Dra. Nise foi vítima publicamente, diante de todo o Brasil.

Não é surpresa para mim que a grande mídia tenha minimizado o total desrespeito não só contra a Dra. Nise, mas também contra a Dra. Mayra Pinheiro, que também durante o seu depoimento foi vítima do machismo e da arrogância de alguns senadores, especialmente do presidente da CPI, senador Omar Aziz, do relator Renan Calheiros e dos senadores Otto Alencar, Rogério Carvalho e Humberto Costa.

Esses senadores agrediram Nise e Mayra quando, por exemplo, diversas vezes não deixaram com que elas nem mesmo completassem suas respostas, atravessando suas falas de forma ríspida, prepotente e intimidatória, fazendo insinuações maliciosas contra a competência profissional delas e até mesmo acusações de que teriam feito parte de um “gabinete paralelo”, ou seja, algo clandestino.

Não foi por acaso que a própria Dra. Nise declarou a forma como se sentiu: “Eu tenho que colocar meu repúdio a situação que estou colocada ali, em um gabinete de exceção. Estou me sentindo aqui bastante agredida neste sentido porque eu estou como colaboradora eventual de várias ações de uma relação direta com a situação clínica dos nossos pacientes e eu gostaria de ter, portanto, senador, a necessária avaliação dessa posição”.

Não há dúvida! Foi agressão, sim, porque violência contra a mulher não é apenas física, mas também verbal e psicológica/simbólica. É esse tipo de postura grosseira e imoral para a imagem de representantes do povo que influencia os abusos contra a figura feminina. Só no ano passado, o Brasil teve 105.821 denúncias de violência contra a mulher, e cada vez que uma de nós é destratada da forma como foram essas médicas em pleno Senado Federal, esses números só tendem a aumentar.

Vocês, senadores, são uma vergonha para o Brasil! Se foram capazes de tratar essas mulheres, profissionais renomadas, mães e esposas, da forma como trataram publicamente em rede nacional, fico imaginando o que são capazes de fazer com suas próprias esposas dentro de casa, sem que ninguém os veja. Pena delas, é o que sinto.

Por fim, assim como o Conselho Federal de Medicina, que já se pronunciou denunciando o ambiente “tóxico” da CPI, o Movimento Nacional Pró-Mulher também repudia a maneira como essa Comissão vem sendo conduzida, onde a parcialidade é espantosa e flagrante, sendo provada pela maneira como outra médica, a Dra. Luana Araújo, foi tratada pelos mesmos senadores na quarta-feira, dia 2. Por que será? Porque ela falou o que eles queriam ouvir, assim como grande parte da mídia.

Desrespeito, prepotência, arrogância e parcialidade é o que resume esta CPI da Pandemia. Sem dúvida não é o que nós, brasileiros, queremos e precisamos neste momento. É o que políticos que em nada contribuem para o avanço do Brasil querem, mas a resposta virá tanto nas urnas como pela justiça de Deus e dos homens. É só uma questão de tempo.

Marisa Lobo FrancoPsicóloga, especialista em Direitos Humanos, escritora, presidente do Movimento Nacional Pró-Mulher e do Partido Trabalhista Brasileiro no Paraná.

Marisa Lobo
Marisa Lobo é psicóloga clínica, autora de vários livros, especialista em saúde mental e conferencista. Há anos realiza palestras dentro e fora do Brasil sobre prevenção e o enfrentamento das drogas, depressão e suicídio, sendo conhecida também pela luta contra o ativismo ideológico de gênero, aborto e desconstrução familiar.
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