Desrespeito a certos profissionais de saúde, mulheres, cientistas; xingamentos e ofensas das mais diversas; pedidos de prisão, intimidação, quebras de sigilo sem aparentes justificativas concretas e manipulação de narrativas por interesses políticos. O que mais precisa existir numa CPI para que ela possa parecer menos decente do que um cabaré?
Essa é a impressão que qualquer brasileiro minimamente honesto pode ter do ambiente construído pela CPI da Pandemia. E essa crítica não está isolada, pois alguns dos próprios integrantes da comissão já fizeram e continuam comparando a mesma, por exemplo, a termos como “circo”, “picadeiro”, “palco circense” e outros adjetivos pejorativos.
Muito embora o termo “cabaré”, do francês, sirva para caracterizar um ambiente de entretenimento artístico, no Brasil essa palavra está associada a um local de prostituição, ficando muito famosa ao ser usada como título de uma música lançada pelos cantores Leonardo e Eduardo Costa, em 25 de novembro de 2014.
Neste artigo, compartilhamos a opinião de que o tradicional cabaré brasileiro, muito embora esteja associado à prostituição, possui mais decência moral do que a CPI da Pandemia, pois ao menos no primeiro caso há transparência em relação ao objetivo pretendido. Entra no prostíbulo quem quer, já sabendo do que se trata e por vontade própria.
A CPI da Pandemia, por outro lado, é um trabalho feito com recursos públicos, dinheiro esse que sai do bolso dos brasileiros, entre eles os que foram convocados para depor e se tornaram alvos de ofensas, humilhações e perseguição. Não temos, neste caso, a opção de recusar a “entrar” nesse ambiente e financiar o que ali é praticado.
Entre a escolha de entrar num cabaré e a obrigatoriedade de financiar a CPI da Pandemia, contribuindo involuntariamente para cenas vulgares onde senadores xingam uns aos outros, ofendem depoentes e fazem um “teatro” usando os milhares de mortos pelo coronavírus para fins eleitorais, o que lhe parece mais justo e decente? Sem mais!