Ninguém duvida que a internet trouxe grandes avanços para a sociedade. A facilidade de comunicação, acesso à informação e execução de serviços à distância são alguns dos benefícios alcançados. Entretanto, como nada é perfeito, há também os riscos, e um deles é o potencial de influência negativa sobre a educação dos nossos filhos.
A recente polêmica envolvendo a psicóloga Marisa Lobo e o youtuber Filipe Neto não foi por acaso. Ao dizer que o jovem “influenciador digital” é uma “péssima influência” para os filhos, a psicóloga tocou em um ponto que é o alvo de preocupação e angústia da maioria das famílias.
A sensação que muitos pais possuem atualmente é de total falta de controle sobre a educação dos filhos frente ao poderio da internet, de modo que apontar o que é uma “péssima influência” toca profundamente na consciência de quem realmente se preocupa com crianças e adolescentes.
Infelizmente, a declaração de Marisa Lobo encontra respaldo na cultura atual, onde o bom senso para a seleção de bons e maus conteúdos é cada vez menor. Basta ligar a TV, ouvir a rádio ou abrir os stories de uma rede social para constatar o baixíssimo nível de qualidade informativa que cerca a atual geração.
Por esta razão os chamados “youtubers” cresceram rapidamente, assumindo muitas vezes o posto de autoridade que compete aos pais. Eles estão 24 horas do tempo ligados a tudo o que acontece na rede e para assisti-los basta um celular na mão do seu filho. Ou seja, na prática, os “influencers” estão mais presentes no dia-a-dia de crianças e adolescentes do que a própria família.
Não é de se espantar, portanto, que muitos pais reclamem da incapacidade de fazer com que seus filhos obedeçam a determinadas tarefas, regras e outras determinações, tanto em termos práticos como no quesito da moralidade.
Assim como é para os pais, educadores, profissionais de saúde e outros, antes de serem ouvidos devidamente pelos filhos, todos passam pelo filtro dos youtubers, onde a opinião de tais influenciadores tem o poder de legitimar ou não a orientação vinda de casa, da escola ou igreja.
Este é um cenário verdadeiramente estarrecedor, onde crianças e adolescentes são guiados literalmente por qualquer coisa, sendo muitas vezes ouvidos por pessoas que, do outro lado da tela, possuem problemas diversos, incluindo familiares, emocionais e outros, mas que como youtubers (personagens) se portam como referências de autoridade para quem os assiste.
Por fim, evidentemente essa não é uma crítica generalizada, mas pontual. Figuras como o Filipe Neto exemplificam essa realidade, assim como milhares de outros. Contudo, há também o que é bom e isso precisa ser filtrado pelos pais, e para isso acontecer é preciso haver intimidade familiar, consciência da realidade cultural vigente e, principalmente, do quadro emocional dos próprios filhos.