O nome do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, está perdendo cada vez mais espaço nas mídias. Apesar dos esforços do ex-juiz para se manter em evidência, a imagem do ex-aliado de Bolsonaro parece estar se desgastando rapidamente.
Essa é uma realidade que já pode ser observada, por exemplo, através de um levantamento feito pela AP Exata para a coluna da jornalista Thaís Oyama, do UOL. Os dados revelaram que o número de menções ao nome “Sérgio Moro” caiu 61% no Twitter em julho, comparado ao mês anterior.
Vale destacar que é no Twitter que Moro mantém a sua única rede social, operada por ele mesmo, local onde tem feito publicações recorrentes sobre os mais diversos assuntos desde o dia 24 de abril, quando saiu do governo Bolsonaro.
Isto significa que, na prática, se nem mesmo no Twitter o nome de Moro está em crescimento, certamente nas outras mídias sociais o resultado não deve ser melhor.
Esforço fracassado?
Além das redes sociais, Moro também se aventura como escritor. Após assinar um artigo para o jornal O Globo, ele estreou como colunista na revista Crusoé, da equipe de O Antagonista, onde parece não estar fazendo muito sucesso.
Em um vídeo promocional da sua estreia, por exemplo, publicado no canal de O Antagonista no YouTube, o número de deslikes ultrapassou a marca de 320 mil, enquanto obteve apenas 42 mil favoráveis até o fechamento dessa matéria.
A estreia de Moro na Crusoé foi bastante alardeada pela equipe de O Antagonista, mas pouco tempo depois não se viu a mesma frequência de promoção da sua coluna como antes, o que pode indicar fracasso de público.
Comentando o comportamento de Moro após a sua saída do governo e uma possível candidatura no futuro, Oyama destacou como um dos problemas para o ex-ministro: “A oratória fria e engessada que lhe legaram os anos na magistratura é um deles – não empolga e não funciona para o palanque.”
A jornalista avalia que para Moro “a opção a se ‘reinserir’ e a se ‘reinventar’ é cair no esquecimento, como ocorreu com o também ex-magistrado do STF e ex-presidenciável Joaquim Barbosa.”
Em outras palavras, se entendemos bem, a imagem do ex-juiz está tão desgastada que para se tornar competitivo numa possível disputa eleitoral, no futuro, o melhor seria sair de cena agora, a fim de cair no esquecimento popular para ter uma chance mais tarde.
Fiasco de denúncias
A queda de evidência envolvendo a figura de Sérgio Moro pode ser explicada, a título de cogitação, pelo fracasso das suas denúncias contra o presidente Jair Bolsonaro, especificamente o seu governo.
Mesmo que ainda esteja tramitando no Supremo Tribunal Federal o inquérito que apura a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, toda a fase inicial de abertura e condução do processo se mostrou favorável ao governo.
Ao convocar uma coletiva de imprensa para anunciar a sua renúncia, em 24 de abril, e no mesmo dia “vazar” prints de celular para ninguém menos que a Rede Globo, no mesmo dia, acusando o governo de possíveis ilegalidades, Moro criou uma expectativa monstruosa na população com relação às suas acusações contra o governo.
O que se seguiu, no entanto, entre depoimentos de figuras-chave como o ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e a divulgação do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril, foi uma sucessão de eventos favoráveis a Bolsonaro, os quais não foram suficientes para fundamentar nenhuma as acusações do ex-ministro, e isto segundo a opinião de juristas renomados, como Ives Gandra Martins e a deputada Janaína Paschoal.
Parece claro, portanto, que às denúncias de Moro, ainda que em apuração, já fracassaram no âmbito político e possivelmente terá o mesmo destino no jurídico, algo que somado a uma mudança radical de postura, onde adotou claramente um discurso político, ajuda a explicar o motivo da sua queda constante de popularidade.