O Brasil está voltando à “normalidade” mais rápido do que imaginávamos. Sim, Lula nem mesmo assumiu, mas o Congresso Nacional já voltou a ser o velho balcão de negócios onde o suor de trabalhadores é vendido em troca de cargos políticos, de confiança e outros interesses.
A prova disso é a tramitação relâmpago da “PEC do Rombo”, ou “PEC da Gastança”, ou ainda PEC da Transição, como chamam em sua versão polida os deputados e senadores que defendem a ruptura do teto fiscal, a fim de permitir que o futuro governo tenha recursos para cumprir as suas promessas de campanha.
Não bastando o contorcionismo do Legislativo para viabilizar absurdos que colocarão o Brasil numa rota de irresponsabilidade fiscal, o futuro governo também pode contar com alguma “ajudinha” do Judiciário, por exemplo, como a que deu o ministro Gilmar Mendes em decisão recente, excluindo o Bolsa Família do teto de gastos.
Lado a tudo isso, os mesmos parlamentares que reclamam do orçamento e do atual governo, apontando a suposta falta de recursos para investimentos em áreas como a Saúde, resolveram aprovar um projeto que aumenta os salários do presidente da República, do vice-presidente, deputados, senadores e ministros de estado, que passarão a receber uma quantia de até R$ 46,4 mil mensais, fora os infindáveis benefícios.
Esse é o Brasil da “harmonia” entre os Poderes e da “normalidade” institucional, onde o Congresso, agora mais do que nunca, apenas comprova que sempre foi cúmplice dos mandos e desmandos promovidos por corruptos ao longo de décadas.
Oposição artificial
Oposição da direita? Maioria conservadora? Ledo engano! Em um país onde o ativismo judicial faz autoridades do Judiciário invadirem a competência do Legislativo sempre que provocado, nenhuma oposição será suficientemente forte para fazer avançar ou barrar projetos de importância.
Tudo poderá se resolver numa “canetada”, e ai de quem ousar criticar! Já corremos risco, por exemplo, em publicar uma simples matéria de opinião crítica como esta, pois para virar alvo de um mandado de busca e apreensão, no Brasil atual, não é preciso seguir a regra do sistema acusatório.
Não é preciso haver dispositivo penal para acusar alguém, por exemplo, de promover um “sistema de desinformação”, “discurso de ódio” ou de “ataque às “instituições”; basta a vontade de algum supremo que se sinta no dever de “defender a democracia” silenciando pais e mães de família.